Sofri violência sexual, o que fazer?

mai. 02, 2024
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Em um mundo ideal, as pessoas respeitariam a privacidade e propriedade dos corpos dos outros e ninguém deveria passar pela experiência traumática da violência sexual.

Infelizmente, trata-se de uma realidade para muitos, principalmente crianças e mulheres, trazendo consigo não apenas consequências físicas e emocionais, mas também um emaranhado de dúvidas sobre o que fazer a seguir.


Não trataremos aqui das questões sociais e deterministas deste tipo de evento, nem das questões políticas envolvidas ou abordagem de longo prazo necessária para a plena recuperação (se é que assim podemos chamar) da pessoa que passou por isso.


É uma questão complexa demais para se tratar com a merecida abordagem num simples texto de blog.


Vamos falar aqui da ajuda médica inicial, os primeiros cuidados que devem ser tomados, caso a situação aconteça.


Antes de mais nada, devemos reforçar que a violência sexual é um crime grave, contra o qual existem leis destinadas a oferecer proteção às vítimas e assegurar a punição dos agressores.


Nesse contexto, é essencial a disseminação de conhecimento sobre o que constitui consentimento, o respeito incondicional pelos direitos e dignidade de cada pessoa e a conscientização sobre os recursos disponíveis para assistência às vítimas.


Isso inclui a necessidade de cuidados médicos imediatos, além da realização de exames adequados para avaliar e tratar lesões ou exposições a infecções sexualmente transmissíveis.


Acompanhe neste artigo!


O que é a violência sexual?


O principal aspecto da violência sexual é a ausência de consentimento, que é o acordo livre, voluntário e informado para participar do ato.


Situações em que a vítima não tem capacidade para consentir, devido à idade, incapacidades físicas ou mentais, ou estados alterados de consciência, se enquadram na definição de violência sexual.


Isso porque a vítima pode não ser capaz de compreender a natureza do ato, percebê-lo como uma agressão, ou estar em condições de expressar um consentimento válido.


As vítimas de abuso sexual podem ser de qualquer gênero ou idade, mas estatísticas indicam que mulheres, crianças, adolescentes, membros da comunidade LGBTQIA+, e idosos estão entre os grupos mais vulneráveis a esses tipos de crime.


Ademais, é importante lembrar que a violência sexual tem profundas consequências físicas, emocionais e psicológicas para as pessoas atingidas, afetando bastante sua saúde, bem-estar e qualidade de vida em longo prazo.


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Quais são os tipos de violência sexual?


A violência sexual abrange uma variedade de atos que ocorrem sem o consentimento de uma ou mais das pessoas envolvidas.


Ela pode assumir várias formas, incluindo:


  • Estupro: ato de penetrar, sob ameaça de violência ou outra forma de coação, a vagina, o ânus ou a boca de alguém com o pênis ou outro objeto;
  • Tentativa de estupro: tentativa de realizar o ato de estupro, mas que por algum motivo não se conclui;
  • Assédio sexual: comportamento sexual indesejado que cria um ambiente hostil ou intimidatório, incluindo comentários sexuais indesejados, avanços físicos ou verbais, e coerção sexual;
  • Exploração sexual: atividades sexuais realizadas em troca de dinheiro, drogas, abrigo, proteção ou outros benefícios;
  • Exibicionismo: exposição dos órgãos genitais de uma pessoa a outra sem consentimento, geralmente com o objetivo de obter gratificação sexual ou para intimidar a vítima;
  • Coerção sexual: uso da força ou intimidação para compelir alguém a participar em atos sexuais contra a sua vontade.


Lembramos que estas formas de violência sexual podem ocorrer em qualquer contexto, incluindo o lar, trabalho, a escola, espaços públicos, ou online.


Diariamente, o Centro de Referência da Saúde da Mulher do Hospital Pérola Byington na cidade de São Paulo, atendia aproximadamente 15 vítimas de violência sexual, somando cerca de 4 mil casos por ano, envolvendo mulheres, crianças e adolescentes.


Após sofrer esse tipo de violência, quais são as providências necessárias?


Após uma violência sexual, tomar as providências adequadas é fundamental para a recuperação da vítima.


Então, aqui estão os passos essenciais a serem seguidos:


Registro da queixa


Dentro de até 48 horas após o incidente, é importante ir à delegacia de polícia mais próxima para registrar uma queixa sobre o ocorrido.


Isso é fundamental para iniciar o processo legal contra o agressor, contribuindo para a sua identificação e punição, além de prevenir que outros possam ser vítimas do mesmo indivíduo.


Aqui, você pode encontrar uma lista de delegacias da mulher no Brasil. 


É importante destacar que este passo é um DIREITO da pessoa agredida, não uma obrigação, assim como a realização do exame de corpo de delito. Não é requisito para que os atendimentos médico e psicológico sejam realizados.


Cuidados médicos 


A mulher deve procurar atendimento médico o quanto antes. A maioria das medidas de prevenção deve ser iniciada em no máximo 72 horas do ocorrido.


A busca por um centro especializado de atendimento à vítima de violência sexual seria o ideal, dado que nestes locais temos protocolos e profissionais treinados e capacitados para lidar com as particularidades deste tipo de atendimento.


Infelizmente temos poucos centros disponíveis no Brasil e o financiamento destas unidades tem sido cada vez mais reduzido ao longo do tempo.


Se não for possível encontrar um centro específico, procure o hospital geral ou maternidade mais próxima de onde você se encontra.


A médica generalista ou ginecologista realizará os exames necessários para identificar possíveis lesões físicas, infecções sexualmente transmissíveis ou uma gravidez resultante do abuso.



Assistência psicológica


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O trauma emocional resultante de um abuso sexual é profundo e pode deixar marcas duradouras, como desconfiança, amargura e transtornos emocionais ou psicológicos.


Por isso, é preciso procurar ajuda profissional de um psicólogo ou psiquiatra especializado em traumas para iniciar um tratamento que vise a recuperação emocional e mental da vítima.


Busca de apoio emocional


É vital que a vítima esteja cercada por pessoas de confiança, como familiares e amigos, que possam oferecer suporte emocional durante esse período extremamente desafiador.



Dessa forma, o amparo emocional é um pilar essencial na recuperação, ajudando a vítima a se sentir segura e apoiada.


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Quais devem ser os cuidados médicos após uma violência sexual?


Os cuidados médicos após a violência sexual são fundamentais para abordar tanto as consequências físicas quanto emocionais do trauma sofrido.


Confira abaixo um resumo dos cuidados essenciais:


Atendimento imediato


É fundamental buscar atendimento médico o mais rápido possível após o incidente.


Este atendimento inicial deve ser feito por profissionais sensíveis à situação de violência sexual, que possam oferecer um suporte compreensivo e não julgador.


O tratamento de lesões corporais e ou genitais deve ser realizado.


Prevenção de ISTs


A vítima deve receber profilaxia para infecções sexualmente transmissíveis, incluindo HIV, hepatites virais e outras infecções.


O tratamento preventivo geralmente deve ser iniciado o mais rápido possível, idealmente dentro de 72 horas após a exposição.


Cuidados contraceptivos de emergência


Para prevenir uma gravidez não desejada, a contracepção de emergência deve ser oferecida e pode ser eficaz se tomada até 72 horas após o incidente.


Avaliação de gravidez


Podemos realizar um teste de gravidez  para estabelecer um ponto de partida, com acompanhamento conforme necessário, dependendo dos resultados e do período do ciclo menstrual da vítima no momento da violência.


Acompanhamento 



Após a visita inicial, o acompanhamento médico é importante para monitorar a eficácia da profilaxia para ISTs, avaliar o estado emocional da mulher, tratar qualquer lesão física ou efeito colateral de medicamentos e prestar suporte contínuo.


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Nesse sentido, a ginecologista possui a qualificação necessária para tratar diversos quadros e orientar sobre os próximos passos na jornada de recuperação.



Portanto, caso você ou alguma mulher próxima tenha sofrido uma violência sexual, agende uma consulta com a especialista para receber um atendimento abrangente e cuidadoso.


Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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