Você já ouviu falar em fimose feminina? Esta é uma condição que pode ocorrer e neste texto explicamos mais sobre o assunto.
Duas situações ginecológicas podem ser descritas sob este termo.
A primeira, mais comumente conhecida, também chamada de sinéquia vulvar ou coaptação de ninfas (pequenos lábios), é uma alteração na qual os pequenos lábios ficam unidos por uma membrana, obstruindo parcialmente ou completamente a abertura da vagina.
Fonte: Universidade Federal de Minas Gerais
É mais comum em meninas até os 2 anos de idade, mas pode ocorrer até por volta dos 10 anos.
A segunda se refere à fimose do capuz do clitóris, uma situação na qual a glande do clitóris não consegue ser completamente exposta, sendo mais comum em mulheres adultas, podendo estar ou não associadas a dermatoses como líquen escleroso.
Então, a fimose feminina pode provocar dor, irritação da pele, corrimento, mau cheiro e infecções, pois a saída da vagina fica bloqueada, levando ao acúmulo de secreções.
Especificamente no que diz respeito à fimose clitoridiana, a principal queixa é disfunção sexual, seja dor ou mais comumente redução da sensibilidade.
Dessa forma, é essencial identificar corretamente o problema e adotar o tratamento adequado de modo a não deixar que o problema afete a saúde da menina ou da mulher.
Causas da fimose feminina
Sinéquia vulvar
Ainda não conhecemos totalmente a causa dessa alteração. No entanto, ela pode estar relacionada à baixa produção do estrogênio, condição normal durante a infância.
Além disso, fatores como higiene inadequada, pequenos traumas ou dermatites causadas pelo uso da fralda ou calcinha também podem favorecer a aderência.
Normalmente, os pais têm dificuldade para notar o problema, pois os pequenos lábios na criança são mais internos e o tamanho da sinéquia vaginal pode variar.
Assim, geralmente, o diagnóstico é feito pelo pediatra durante os exames de rotina.
Fimose do capuz do clitóris
O principal mecanismo proposto para o surgimento deste tipo de fimose é a ocorrência de processos inflamatórios e cicatriciais, seja por alterações no próprio prepúcio do clitóris, seja em consequência ao tratamento de lesões próximas a este órgão.
A presença de dermatoses inflamatórias, tais como líquen escleroso, é fortemente associada à ocorrência desta condição.
Até ⅕ das mulheres que se apresentam ao consultório médico por questões sexuais pode ter algum grau de fimose do clitóris e isso é facilmente identificável durante o exame físico ginecológico, embora não seja uma prática rotineira.
Como fazemos o tratamento?
No geral, o tratamento para as sinéquias consiste no uso de pomadas ou cremes na região genital, massageando a área aderida, estimulando o fluxo sanguíneo e, como consequência, a lise da aderência.
Dependendo do grau de adesão entre os pequenos lábios, podemos usar apenas umectantes, como cremes de vaselina ou vitamina B, ou pomadas à base de estrogênio ou corticóides. Normalmente, isso já é suficiente para tratar o problema.
A remoção mecânica (romper a aderência) está associada a maior trauma local, dor e retorno do problema durante a cicatrização.
No que diz respeito à fimose do clitóris, o tratamento vai depender do que levou à sua ocorrência e do grau de cobertura do clitóris pelo prepúcio, podendo ser clínico (ex. liquen) ou cirúrgico.

Será importante também redobrar a atenção com a higiene do local e evitar substâncias irritantes, como roupas íntimas muito apertadas.
No geral, indicamos o procedimento cirúrgico em situações mais sérias no qual há um fechamento total da vagina, impossibilitando até mesmo que a menina consiga urinar ou que a mulher tenha uma sexualidade satisfatória.
Não confundir a sinéquia vaginal com a fimose clitoriana!
Como disse antes, algumas vezes, podemos encontrar o termo “fimose feminina” se referindo a uma outra situação, também conhecida como fimose clitoriana, já na fase adulta da mulher.
Neste caso o capuz do clítoris, pele que recobre a glande deste órgão para protegê-la, acaba colando no local, impossibilitando sua movimentação para exposição da glande.
Normalmente, isso surge após a mulher ter algum problema na região, por exemplo, o líquen escleroso, um processo inflamatório e infeccioso que pode gerar uma cicatriz no local e dificultar a movimentação da pele.
Então, quando a fimose clitoriana ocorre, a paciente pode ter dificuldade na limpeza, desconforto, dor, infecções, bem como uma redução significativa da sensibilidade.
Inclusive, isso pode resultar em alterações sexuais e até mesmo situações de falta de orgasmos.
Quando esta fimose é mais leve, os sintomas costumam ser amenos e podemos resolver o problema com uso de hormônio tópico.
Já em situações mais severas, precisaremos remover a aderência de forma cirúrgica, apesar disso ser mais raro.
Atualmente, existem alguns protocolos de remoção destas aderências usando laser, uma técnica minimamente invasiva.
Se o problema for excesso de pele, uma complicação comum do aumento do clitóris com uso de anabolizantes, a remoção cirúrgica do prepúcio excedente é uma alternativa, embora uma clitoroplastia talvez seja mais indicada.
Aqui, vale o alerta, pois cada vez mais surgem procedimentos para alterar a nossa estética, e também a vulva, com a promessa de melhorar a aparência da região e o prazer sexual.
Devemos ter muita cautela com esta questão, pois esta nova tendência pode acabar impondo um padrão estético para vulva, o que é absolutamente desnecessário e pode trazer sérios prejuízos à saúde e à sexualidade.

Além disso, tanto a sexualidade quanto a autoestima da mulher são questões multifatoriais. Então, possivelmente, não poderemos resolvê-las com a realização de uma cirurgia ou procedimento quando a mulher não apresenta, de fato, um problema na região.
Claro que existem casos nos quais procedimentos são realmente necessários, então tudo deve ser cautelosamente avaliado e discutido com sua Ginecologista.
O importante é saber que a fimose feminina, seja ela a sinéquia vaginal (que ocorre, principalmente, na infância) ou a fimose clitoriana (que costuma ocorrer já na vida adulta) tem tratamento e pode ser resolvida.
Por isso, esteja sempre atenta: ao notar alguma alteração na região ou algum desconforto, procure o quanto antes sua Ginecologista!
Compartilhe este conteúdo