Histeroscopia Cirúrgica – Entenda o procedimento

admin • jun. 12, 2019
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A histeroscopia cirúrgica é um procedimento que pode tratar certas patologias da cavidade uterina. O procedimento é realizado usando uma câmera chamada histeroscópio (medindo até 10 mm de diâmetro), e através da qual instrumentos cirúrgicos são inseridos. É realizada sob anestesia no centro cirúrgico, e o paciente tem alta no mesmo dia na maioria das vezes.

Para ajudar você a entender melhor como funciona o procedimento da histeroscopia cirúrgica, eu preparei este artigo com uma breve explicação.

Para quem a histeroscopia cirúrgica é indicada?

A histeroscopia cirúrgica é geralmente indicada quando a histeroscopia diagnóstica confirma a presença de uma anormalidade que requer tratamento cirúrgico. A suspeita inicial pode advir de uma alteração ultrassonográfica.

A histeroscopia diagnóstica é semelhante, porém o instrumental utilizado tem menor calibre (5 mm ou menos de diâmetro) e pode ser realizada em nível ambulatorial, sem necessidade de dilatação do colo do útero e sem anestesia.

As principais intervenções que podem ser realizadas pela histeroscopia cirúrgica :

  • Remoção de um pólipo uterino;
  • Exérese de um mioma uterino submucoso;
  • Lise de aderências uterinas;
  • Ablação de endométrio (“remoção do revestimento uterino”) – em algumas situações, essa técnica representa uma alternativa à histerectomia (em casos de sangramento uterino disfuncional resistente ao tratamento clínico);
  • Remoção de um septo uterino (útero septado);
  • Aumento da cavidade uterina;
  • Retirada de um DIU perdido na cavidade uterina;
  • Retirada de restos placentários/abortamento.

Quando há falha de uma histeroscopia diagnóstica ligada a um obstáculo (obstrução ou desvio significativo do colo do útero); sangramento excessivo ou simplesmente baixa tolerância do exame pelo paciente (principalmente por cólicas durante o procedimento), o procedimento também pode ser realizado em centro cirúrgico com anestesia.

Quem não pode fazer histeroscopia:

  • Gestantes;
  • Mulheres com infecção pélvica atual;
  • Presença de câncer de colo uterino ou endométrio.

Diferenças entre a histeroscopia cirúrgica e diagnóstica

Histeroscopia diagnóstica

Esse procedimento é o padrão ouro para diagnóstico de alterações endometriais (endométrio é a camada mais interna do útero). A maior parte dos casos em que esse exame é realizado está ligada à investigação de sangramentos uterinos anormais e em alguns casos de infertilidade. O instrumental é mais delicado e o procedimento não requer internação ou anestesia na maioria das vezes.

Histeroscopia operatória

Já a histeroscopia cirúrgica, trata-se, como o próprio nome indica, um procedimento cirúrgico. Dessa forma, objetivo é o tratamento de anomalias antes diagnosticadas. Instrumental utilizado tem maior diâmetro, sendo necessária realização de dilatação do colo uterino antes do procedimento propriamente dito.

Como acontece a cirurgia?

Uma histeroscopia cirúrgica pode ser realizada sob anestesia local ou sob anestesia geral. A escolha do tipo de anestesia é fixada na consulta pré-anestésica.

O paciente é hospitalizado com o estômago vazio (jejum de 2h para líquidos claros e 8h para sólidos), o procedimento é realizado e na maior parte dos casos é liberado 6-8 horas após o término. Em alguns casos, é necessária uma hospitalização de 24 a 48 horas.

O procedimento é realizado por um Ginecologista, de preferência com formação em Endoscopia Ginecológica,  e não há cicatriz externa visível, dado que o acesso à cavidade uterina é feito através do colo uterino, via vaginal.

O procedimento em si começa com uma dilatação progressiva do colo do útero (o tratamento prévio com comprimidos administrados por via vaginal é frequentemente prescrito para facilitar este procedimento). Seguido pela colocação do instrumental, distensão da cavidade uterina, realização da cirurgia propriamente dita, lavagem da cavidade uterina e retirada do instrumental. Não há necessidade de curativos.

Complicações durante o procedimento são muito raras – menos de 0,5% na maioria dos estudos. As principais complicações são: perfuração uterina com ou sem lesão de órgãos abdominais (intestino é o mais frequente, seguido da bexiga); sobrecarga hídrica durante o procedimento, levando a edema agudo de pulmão; hemorragia uterina intraoperatória, dificultando ou impedindo a finalização da cirurgia e endometrite (infecção intrauterina).

Cuidados Pós operatórios

Em geral após a cirurgia não há muitas complicações. As pacientes costumam ir de alta no mesmo dia da cirurgia, com prescrição de analgésicos comuns e anti inflamatórios.

Nos primeiros dez dias seguintes ao procedimento, pode haver sangramento vaginal e/ou cólicas. A atividade física normal pode ser retomada em média após 1 a 7 dias. O tempo de repouso pode variar dependendo do tipo de procedimento realizado.

O tempo de abstinência sexual pós operatório pode variar de 10 a 30 dias pós operatórios, tempo necessário para a cicatrização do útero e fechamento do colo uterino caso tenha sido necessária dilatação do mesmo.

Se a histeroscopia cirúrgica consistir em uma ressecção completa do endométrio, seus períodos de menstruação serão muito reduzidos em intensidade, ou até mesmo ausentes, sem que isso signifique que você está na menopausa.

Em certas patologias (malformação uterina, por exemplo), um DIU será deixado no local no final do procedimento para evitar formação de aderências e um tratamento hormonal de alta dose pode ser prescrito por um período de 2 a 3 meses.

Isso é feito para promover a adequada cicatrização intrauterina. O DIU poderá ser removido após 2 a 3 meses durante uma consulta pós-operatória, caso a paciente não deseje anticoncepção.

O risco de infecção perioperatória é muito baixo e não costuma haver necessidade de uso de antibióticos profiláticos. É esperado uma consulta de seguimento 2 semanas após o procedimento para avaliação geral e resultado de biópsias, se houver.

Se após o seu regresso a casa, você sentir dor intensa, hemorragia, vômitos ou febre, é essencial informar o seu médico.

Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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