Corrimentos de repetição: saiba a importância do tratamento correto
Você tem experimentado corrimentos de repetição?
Embora em alguns casos o corrimento seja natural e sem grandes preocupações, dependendo de suas características, podem ser sinal de infecções persistentes ou desequilíbrios na flora vaginal.
Portanto, ignorar esse incômodo ou tratá-lo de forma inadequada pode levar a complicações mais sérias.
Nesse artigo, explicamos a importância do tratamento correto para os corrimentos de repetição e como ele pode fazer toda a diferença na sua saúde íntima.
Quando os corrimentos vaginais merecem atenção?
Inicialmente, devemos lembrar que é comum que a mulher apresente uma secreção natural na região íntima, um fluido transparente ou levemente esbranquiçado, sem odor forte e que não provoca incômodo.
Essa secreção fisiológica tem função protetora, ajudando a manter o equilíbrio da flora vaginal e atuando na lubrificação durante as relações sexuais, sendo totalmente normal e dispensando qualquer tipo de tratamento.
Já o corrimento vaginal anormal se diferencia por alterações em sua aparência e sintomas.
Dessa forma, um corrimento branco grumoso, esverdeado ou acinzentado acompanhados de odor desagradável ou desconfortos como coceira, ardência ou dor na região íntima merece atenção!
O que caracteriza os corrimentos de repetição e por que eles acontecem?
Um corrimento de repetição caracteriza-se pela ocorrência frequente de secreções vaginais anormais, geralmente associadas a infecções ou desequilíbrios na flora vaginal, que retornam mesmo após tratamento adequado.
De acordo com a Febrasgo, considera-se um quadro recorrente quando há três ou mais episódios sintomáticos em um período de 12 meses.
No geral, as causas mais comuns de corrimentos de repetição incluem:
No entanto, existem uma série de outras infecções que podem causar corrimentos recorrentes e, por isso, a consulta com a ginecologista para identificar a causa exata é fundamental.

É importante citar que a recorrência pode estar relacionada a diversos fatores predisponentes, como:
- Uso frequente ou inadequado de antibióticos;
- Desequilíbrios hormonais, como os causados por anticoncepcionais ou alterações na menopausa;
- Diabetes mal controlado;
- Baixa imunidade, seja por doenças crônicas ou uso de imunossupressores;
- Higiene íntima inadequada ou uso excessivo de duchas vaginais;
- Reinfecção pelo parceiro, em casos de infecções sexualmente transmissíveis, especialmente quando ele não é tratado simultaneamente.
Além disso, em muitos casos, o corrimento de repetição também está associado a erros no diagnóstico inicial ou a tratamentos incompletos.
Por isso, é essencial realizar uma investigação detalhada com exames específicos a fim de identificar corretamente a causa e definir o tratamento mais eficaz.
O que pode ocorrer se os corrimentos recorrentes não forem tratados adequadamente?
Quando o corrimento é recorrente e não recebe o cuidado adequado, pode haver um agravamento do quadro, levando a infecções mais profundas, como doença inflamatória pélvica (DIP), que afeta o útero, as trompas e os ovários, podendo causar dor crônica e até infertilidade.
Além disso, infecções vaginais não tratadas podem aumentar o risco de transmissão e aquisição de infecções sexualmente transmissíveis, como o HIV, além de provocarem complicações durante a gravidez, como partos prematuros e infecções no bebê.
Outro ponto importante é que a repetição de sintomas pode mascarar problemas mais graves, como lesões pré-cancerígenas no colo do útero, que só podem ser identificadas com exames adequados, como a citologia oncótica (Papanicolau).
Por isso, o diagnóstico correto e o tratamento adequado, orientado pela ginecologista, são essenciais para evitar complicações, preservar a saúde íntima e garantir a qualidade de vida da mulher.
Como diagnosticar a causa do corrimento?

Diagnosticar a causa dos corrimentos de repetição é fundamental para um tratamento eficaz e duradouro.
O primeiro passo é uma consulta ginecológica detalhada, em que avaliamos o histórico clínico da paciente, os sintomas associados e a frequência dos episódios.
Exames laboratoriais ajudam a identificar o agente causador, que pode ser fúngico, bacteriano, parasitário ou até decorrente de desequilíbrios hormonais ou reações alérgicas.
A principal ferramenta é a análise do conteúdo vaginal, com realização de exames como bacterioscopia, citologia, avaliação do pH ou busca por micro-organismos específicos. Estes testes estão validados na literatura médica e são amplamente disponíveis.
O exame de microbioma vaginal é uma outra ferramenta que começa a ser utilizado e pode ser importante na investigação de corrimentos de repetição por oferecer uma análise mais aprofundada do ecossistema vaginal.
Diferente dos exames tradicionais, que geralmente buscam apenas a presença de agentes infecciosos específicos, esse exame avalia a composição geral das bactérias e fungos que habitam a vagina incluindo as benéficas, como os lactobacilos, e as potencialmente patogênicas.
A importância desse exame está no fato de que muitas alterações na flora vaginal não se manifestam como infecções típicas, mas sim como desequilíbrios (disbioses) que favorecem o aparecimento recorrente de corrimentos, coceira, ardência ou desconforto.
Este tipo de teste ainda está em validação e não costuma ser de fácil acesso.
Ao entender quais microrganismos estão em excesso ou em falta, podemos propor um tratamento mais personalizado, que não se limite apenas a antibióticos ou antifúngicos, mas que inclua também probióticos, ajustes hormonais ou orientações de hábitos íntimos.
Em alguns casos, é necessário investigar fatores associados, como o uso de antibióticos, anticoncepcionais, doenças de base ou hábitos de higiene. O diagnóstico correto permite indicar o tratamento adequado, evitando recorrências e promovendo mais conforto e segurança para a mulher.
Quais as opções de tratamento para corrimentos de repetição?
O tratamento do corrimento vaginal recorrente depende da causa específica identificada após a avaliação clínica e exames complementares.
Quando a causa é a candidíase de repetição, por exemplo, o tratamento costuma envolver antifúngicos tópicos ou orais, com esquemas mais prolongados ou de manutenção.
Já nos casos de vaginose bacteriana recorrente, podemos indicar o uso de antibióticos com possíveis repetições em ciclos, além de estratégias para restabelecer o equilíbrio da flora vaginal.
O uso de probióticos, administrados por via oral ou vaginal, podem contribuir para restaurar o equilíbrio natural da flora, oferecendo uma abordagem complementar e preventiva ao tratamento convencional das infecções recorrentes.
Esses microrganismos benéficos, especialmente os lactobacilos, ajudam a manter o pH vaginal em níveis adequados e competem com bactérias patogênicas, dificultando sua proliferação.
No nosso blog, temos um artigo sobre uso de probióticos para flora vaginal, acesse para entender como funciona!

Além disso, em situações em que o corrimento é causado por infecções sexualmente transmissíveis, devemos incluir no tratamento das parcerias sexuais, para evitar reinfecção.
Por fim, podemos recomendar mudanças no estilo de vida, como evitar duchas vaginais, optar por roupas íntimas de algodão, melhorar o controle de doenças, como o diabetes, e reduzir o uso indiscriminado de antibióticos.
Quando a mulher deve procurar a ginecologista diante de um corrimento?
A mulher deve procurar a ginecologista sempre que perceber alterações no corrimento vaginal habitual.
Como vimos, o corrimento vaginal anormal pode ser sinal de infecções e o diagnóstico correto só pode ser feito com avaliação médica e, em muitos casos, exames laboratoriais específicos.
Além disso, quando o corrimento se torna recorrente, é ainda mais importante buscar atendimento.
Isso porque, a repetição dos sintomas pode indicar falhas no tratamento anterior, resistência aos medicamentos ou até mesmo condições mais graves, como lesões no colo do útero.
A ginecologista é a profissional capacitada para avaliar cada caso individualmente, identificar a causa exata do problema e indicar o tratamento mais eficaz.

Assim, se você tem notado alterações no seu corrimento vaginal ou está enfrentando episódios frequentes e persistentes, não ignore os sinais do seu corpo.
Agende sua consulta e cuide da sua saúde íntima com a atenção que ela merece.
Prevenir complicações é sempre o melhor caminho!
Compartilhe este conteúdo