Vaginose bacteriana – o que é e como tratar?

admin • jan. 04, 2021
FALAR VIA WHATSAPP

Se você mantém sua higiene íntima em dia, mas mesmo assim tem observado um corrimento amarelado ou branco acinzentado e sentido um odor forte, saiba que isso pode ser a vaginose bacteriana.

A vaginose bacteriana é uma infecção que ocorre devido a uma alteração da flora vaginal, sendo umas das causas mais comuns de corrimento genital.

Devido ao fato de não apresentar sintomas inflamatórios, como dor, coceira ou ardência, a mulher pode demorar a identificar este problema.

Apesar de não causar certos incômodos, a vaginose bacteriana pode gerar problemas, tais como alterações de auto estima e bem estar devido ao mau odor.

Além disso este desequilíbrio pode favorecer ao surgimento de problemas mais sérios, como endometrites e inflamações nas trompas. Isso ocorre porque facilita a subida de outras bactérias pelo colo do útero.

A vaginose bacteriana também é perigosa para mulheres grávidas, pois pode servir de estímulo a um trabalho de parto de parto prematuro, por exemplo.

Por isso, é muito importante conhecer este corrimento! 

Por que ocorre e quais os sintomas da vaginose bacteriana

A vagina é a parte intermediária do sistema reprodutor feminino, conectando a vulva (genital externo) ao útero (genital interno). Diversos microrganismos moram na vagina, principalmente os lactobacilus, que compõem a flora vaginal principal. Outras espécies podem fazer parte deste ecossistema.

Em condições normais, a flora vaginal possui um equilíbrio importante e protege a região íntima contra infecções, além de regular seu pH e umidade.

Todavia, pode ocorrer da região sofrer uma diminuição dos lactobacilos protetores e um supercrescimento de bactérias anaeróbias causadoras de doenças, como as espécies Gardnerella vaginalis, Mobiluncus spp, Prevotella spp, Mycoplasma hominis e Peptostreptococcus sp.

Como consequência, a mulher desenvolve a vaginose bacteriana e tem alguns sintomas muito característicos, como corrimento acinzentado ou amarelado, fino e com odor de peixe podre.

Além disso, estes sintomas, especialmente o mau odor, tendem a ser mais acentuados no período menstrual e após as relações sexuais. Isso aconteceporque em contato com sangue ou sêmem – secreções de pH mais alcalino – há maior liberação de substâncias voláteis (putrescina e cadaverina) por essas bactérias.

Imagina só o transtorno emocional que isso pode causar! Sensação de inadequação, impressão de má higiene, interferência negativa na vida sexual… E, como vimos, não é nada disso! Os desequilíbrios de flora podem muitas vezes ser causados por excesso de higiene ou uso de substâncias na região genital! 

Dra-juliana-ribeiro-saude-mulher

Esta patologia não é considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST), pois a mulher pode desenvolvê-la devido alterações no equilíbrio de seu organismo, independente de ter tido relações sexuais.

Como fazemos o diagnóstico?

O diagnóstico da vaginose bacteriana inicia em consultório com a compreensão da história clínica e com o exame físico da paciente.

Além disso, alguns exames auxiliam na identificação da patologia, como a análise do pH vaginal e coleta de material para análise bacterioscópica.

Existem alguns critérios, que chamamos de critérios de Amsel, que devem ser identificados para o diagnóstico da vaginose bacteriana. No geral, a mulher precisa apresentar de 3 a 4 sintomas ao mesmo tempo:

  • Corrimento branco-acinzentado ou amarelado;
  • pH da secreção vaginal superior a 4,5;
  • Odor de peixe no teste do cheiro;
  • Células indicadoras (“clue cells”)  na bacterioscopia.

Outro critério que nos ajuda no diagnóstico desta patologia é o score de Nugent, no qual coletamos o material da vagina da paciente e enviamos para análise. Conforme a quantidade e o tipo de microrganismos identificados, esse material recebe uma pontuação (score).

Dra-juliana-ribeiro-ginecologista-sao-paulo

Caso o score seja de 0-3, consideramos que a paciente está saudável. Um score de 4-6 indica um quadro intermediário. Já um score de 7-10 significa que a mulher possui a vaginose bacteriana.

Como é o tratamento?

Para o tratamento da vaginose bacteriana fazemos o uso de antibióticos, que podem ser orais ou em forma de creme ou óvulos de uso vaginal.

Normalmente, adotamos o tratamento por 7 dias e observamos a evolução do quadro da paciente.

Não é incomum da mulher ter a vaginose bacteriana recorrente, ou seja, que se repete algumas vezes (ao menos 4 vezes no ano), apesar do tratamento adequado.

Nestes casos, inicialmente será importante refazer os exames para confirmar o diagnóstico. 

Além disso, o tratamento poderá envolver a troca do antibiótico utilizado, o uso do medicamento por um tempo mais prolongado, além da adoção de outros cuidados, como a não utilização de ducha vaginal e produtos de higiene no local (sabonetes comuns, xampu ou espuma de banho).

Dra-juliana-ribeiro-tratamento-mulher

Como mencionado a vaginose não se trata de uma IST, mas em casos recorrentes pode-se indicar o tratamento da parceria sexual. 

A infecção do casal é muito comum em mulheres que fazem sexo com mulheres, especialmente quando há compartilhamento de brinquedos sexuais sem uso de camisinha ou higiene inadequada. Nestes casos é importante que as duas mulheres sejam devidamente avaliadas.

A vaginose bacteriana na gestação

Durante a gestação, as alterações hormonais que a mulher passa podem favorecer o desequilíbrio da flora vaginal e o consequente desenvolvimento da vaginose bacteriana.

Infelizmente, a vaginose bacteriana na gestação apresenta riscos para a evolução da gestação, tais como: 

  • Aumentar o risco da ruptura prematura da membrana amniótica;
  • Risco de ocorrência de um parto prematuro.

Os sintomas da doença serão os mesmos já citados e será de extrema importância estar mais atenta e procurar a Obstetra imediatamente ao sentir qualquer sinal desta infecção.

O tratamento nestes casos é muito particular e cada mulher receberá uma atenção e acompanhamento especial. Envolve o uso de antibióticos específicos, preferencialmente por via vaginal.

Dra-juliana-ribeiro-obstetra-sao-paulo

Como prevenir a vaginose bacteriana?

Algumas medidas podem ajudar na prevenção desta doença, por exemplo:

  • Evitar duchas vaginais;
  • Evitar roupas justas e de material sintético;
  • Usar calcinhas de algodão e mais soltinhas, que permitam que a região respire;
  • Não usar sabonetes comuns na região genital – escolha sabonetes próprios para a higiene íntima;
  • Não utilizar perfumes ou outras substâncias químicas sem recomendação médica na vulva.

Caso você venha a ter os sintomas que citamos neste artigo, não deixe de procurar uma Ginecologista o quanto antes.

Assim, iniciando o tratamento adequado, você irá se livrar deste desconforto e evitar maiores complicações.

Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

Compartilhe este conteúdo

Probióticos para flora vaginal
Por Dra Juliana Teixeira Ribeiro 09 mai., 2024
Você quer saber se os Probióticos para Flora Vaginal funcionam e quando usar? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica.
Sofri violência sexual, o que fazer?
02 mai., 2024
Quer saber como proceder após sofrer uma Violência Sexual? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica.
Quero engravidar, como devo proceder?
Por Dra Juliana Teixeira Ribeiro 25 abr., 2024
“Quero Engravidar” quais passos devo dar? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista e Obstetra em São Paulo e fala sobre o tema!
Abscesso tubo-ovariano: saiba como identificar e tratar
16 abr., 2024
Você quer saber quais são os sintomas de um Abscesso Tubo-Ovariano? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
Você quer entender como funcionam os Métodos de Reprodução Assistida? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecol
04 abr., 2024
Você quer entender como funcionam os Métodos de Reprodução Assistida? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
Planejamento familiar: qual o momento certo para engravidar?
28 mar., 2024
Você quer saber o que é preciso considerar ao realizar o Planejamento Familiar? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
Extração de tubas uterinas: quando é necessária?
21 mar., 2024
Você quer saber quando a Extração de Tubas Uterinas é indicada e como é feita? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
Fio do DIU entrou no útero, e agora?
14 mar., 2024
Quer saber o que fazer caso o Fio do DIU entre no útero? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e fala sobre o tema!
Curetagem uterina: quando é necessária e quais são os riscos?
07 mar., 2024
Quer saber quando é preciso fazer a Curetagem Uterina e se há riscos no procedimento? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
Yoni eggs realmente trazem benefícios para a saúde da mulher?
29 fev., 2024
Você quer saber para que servem os Yoni Eggs e se eles realmente funcionam? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e fala sobre o tema!
Mais Posts
Share by: