Lesão epitelial no útero: como proceder?

11 de dezembro de 2025
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Descobrir uma lesão epitelial no útero pode causar muita preocupação, mas é importante entender que, na maioria dos casos, essas alterações não significam câncer. 

Elas indicam apenas que houve uma modificação nas células do colo do útero, que pode ser temporária ou exigir acompanhamento mais próximo. 


Essas lesões são, na verdade, um sinal de alerta precoce, permitindo que o problema seja identificado e tratado antes de evoluir para algo mais grave.


O exame de Papanicolau é crucial nesse processo, pois detecta essas alterações celulares de forma simples, muitas vezes antes que surjam sintomas. 


Com diagnóstico precoce e acompanhamento com a ginecologista, é possível tratar as lesões e manter a saúde em dia!


O que é uma lesão epitelial no útero e o que ela significa?


A lesão epitelial no útero, também conhecida como lesão epitelial escamosa do colo do útero, é uma alteração identificada nas células que revestem essa região, geralmente detectada por meio do exame de Papanicolau


Essas lesões indicam que houve alguma modificação no epitélio cervical, podendo variar desde alterações leves e transitórias até lesões de maior gravidade, que exigem acompanhamento mais rigoroso. 


Entretanto, nem toda lesão epitelial significa câncer. 


Em muitos casos, o organismo consegue eliminar o vírus naturalmente, e as células retornam ao seu estado normal. 


A importância de identificar uma lesão epitelial está justamente em prevenir a progressão para estágios mais graves, como o câncer do colo do útero. 


Quais são as principais causas das lesões epiteliais?


De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), as principais causas das lesões epiteliais no colo do útero estão relacionadas a fatores infecciosos e comportamentais que afetam a integridade das células cervicais. 


Entre as mais importantes, destacamos:


Infecção pelo HPV (Papilomavírus Humano)


É a principal causa das lesões epiteliais, especialmente pelos tipos de alto risco oncogênico, como o HPV-16 e o HPV-18. 


O vírus é transmitido principalmente por via sexual e pode provocar alterações celulares que, se não tratadas, evoluem para lesões de alto grau ou até câncer de colo do útero.


Início precoce da vida sexual


Ter relações sexuais em idade muito jovem aumenta o risco de infecção pelo HPV e de alterações cervicais, já que o colo do útero ainda está em desenvolvimento e mais suscetível a infecções.



No nosso blog, temos um artigo completo sobre as alterações do Papanicolau, acesse para saber mais!


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Múltiplos parceiros sexuais


Aumenta a probabilidade de exposição ao HPV e a outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), que podem fragilizar o tecido epitelial do colo uterino.


Baixa imunidade


Condições que reduzem a resposta imunológica, como uso prolongado de corticoides, infecção pelo HIV ou estresse crônico, dificultam a eliminação do HPV e favorecem a persistência da infecção.


Tabagismo


O cigarro contém substâncias tóxicas que alteram o ambiente cervical, comprometendo a regeneração celular e a defesa local, o que facilita o desenvolvimento de lesões.


Outras infecções genitais


Infecções por clamídia, tricomoníase e herpes genital podem causar inflamação crônica e aumentar o risco de lesões no epitélio cervical.


Quais são os tipos de lesão epitelial que podem ser detectados no exame de Papanicolau? 


O exame de Papanicolau é o principal método para identificar alterações nas células do colo do útero, conhecidas como lesões epiteliais. 


Essas lesões podem variar em gravidade e indicar desde pequenas inflamações até alterações pré-cancerígenas. 



Os principais tipos detectados são:


Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau


Representa uma alteração leve nas células do epitélio cervical, geralmente causada pela infecção temporária pelo HPV. 



Em grande parte dos casos, o próprio organismo elimina o vírus, e a lesão regride espontaneamente. 



Lesão intraepitelial escamosa de alto grau


Indica alterações mais significativas nas células, com risco maior de evolução para o câncer de colo do útero se não houver tratamento. 


Exige investigação mais detalhada, geralmente por meio de colposcopia e biópsia, além de acompanhamento rigoroso com o ginecologista.



Carcinoma epidermoide invasor


É o estágio mais grave, indicando que as células alteradas ultrapassaram a camada epitelial e invadiram tecidos mais profundos do colo do útero. 


Embora raro de ser detectado no rastreamento rotineiro, esse resultado requer tratamento oncológico imediato.


Lesão intraepitelial glandular (de baixo ou alto grau)


Afeta as células glandulares do canal endocervical e pode estar associada a alterações mais raras, mas também de risco elevado. 



Assim como as lesões escamosas, exige exames complementares e avaliação criteriosa da especialista.




Quais sintomas podem indicar uma lesão no colo do útero?



A maioria das lesões epiteliais no colo do útero, especialmente as de baixo grau, não apresenta sintomas em seus estágios iniciais. 


Por isso, o exame preventivo de Papanicolau é essencial para o diagnóstico precoce. 


Porém, quando as alterações são mais avançadas ou há inflamação associada, alguns sinais podem surgir, como, por exemplo:


  • Sangramento vaginal fora do período menstrual: pode ocorrer após a relação sexual, entre as menstruações ou sangramento após a menopausa;
  • Dor no sexo (dispareunia): em alguns casos, a inflamação ou as alterações celulares no colo podem causar desconforto ou dor durante o contato íntimo;
  • Dor pélvica: embora menos comum, a dor na região inferior do abdômen pode estar associada a processos inflamatórios ou lesões mais graves;
  • Corrimento vaginal anormal: se houver aumento do fluxo, alteração na cor (amarelado, esverdeado ou com sangue) ou presença de odor desagradável, pode indicar infecção ou alterações no colo do útero;
  • Sangramento após exame ginecológico ou esforço físico: o tecido alterado do colo pode ficar mais sensível e propenso a pequenos sangramentos após manipulação.


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Vale reforçar que esses sintomas não são exclusivos das lesões epiteliais e podem estar relacionados a outras condições ginecológicas. 


Por isso, qualquer sinal incomum deve ser avaliado pela ginecologista, que poderá solicitar o Papanicolau ou outros exames para esclarecer o diagnóstico.


Como realizamos o diagnóstico e quais exames podem complementar o resultado do Papanicolau?


O diagnóstico de uma lesão epitelial no colo do útero geralmente tem início com o exame de Papanicolau, que permite identificar alterações nas células cervicais. 


Assim, quando o resultado do exame mostra alterações celulares suspeitas ou indeterminadas, podemos solicitar exames complementares para uma avaliação mais detalhada. 


O principal deles é a colposcopia, exame que permite observar o colo do útero com aumento, facilitando a visualização de possíveis lesões.



Durante esse procedimento, aplicamos substâncias específicas, como o ácido acético e o lugol, para destacar áreas alteradas. 


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Caso alguma região suspeita seja identificada, realizamos uma biópsia, na qual um pequeno fragmento do tecido é retirado e enviado para análise laboratorial, confirmando o tipo e o grau da lesão. 


Em alguns casos, também podemos indicar o teste para HPV, que detecta a presença do vírus e identifica se há tipos de alto risco oncogênico envolvidos. 


Inclusive, a testagem do DNA HPV tende a substituir o exame de papanicolau como rastreamento primário do câncer cervical, e em breve será o exame a ser realizado de forma rotineira, com intervalo de até 5 anos entre coletas.


Quais são as opções de tratamento conforme o tipo e a gravidade da lesão?


O tratamento das lesões epiteliais do colo do útero depende do tipo e da gravidade da alteração identificada no exame. 


As lesões de baixo grau geralmente não necessitam de tratamento imediato, pois em grande parte dos casos o próprio organismo elimina o vírus HPV e as células voltam ao normal. 


Nesses casos, a conduta mais comum é acompanharmos com novos exames de Papanicolau ou colposcopia a cada seis meses ou um ano.


Já as lesões de alto grau exigem uma abordagem mais intervencionista, pois apresentam maior risco de progressão para o câncer do colo do útero. 


O tratamento pode incluir procedimentos como a exérese da zona de transformação (EZT), a conização, que consiste na retirada de um pequeno cone de tecido do colo uterino ou, em casos mais extensos, a histerectomia, que é a remoção do útero. 


O tipo de procedimento dependerá da idade da paciente, desejo de engravidar, extensão da lesão e resultados da biópsia. 


Já em situações em que o diagnóstico confirma um carcinoma invasor, o tratamento passa a ser oncológico, com cirurgia mais ampla, radioterapia e/ou quimioterapia. 


É possível prevenir o surgimento das lesões epiteliais?


A principal forma de prevenção é a vacinação contra o HPV, indicada preferencialmente antes do início da vida sexual, mas também benéfica em mulheres adultas. 



Para entender melhor como funciona a Vacina do HPV, acesse esse artigo completo em nosso site!



Além disso, manter uma vida sexual segura, com o uso de preservativos e redução da quantidade de parcerias sexuais, ajuda a reduzir o risco de infecções sexualmente transmissíveis. 


O exame preventivo de Papanicolau continua sendo uma das estratégias mais importantes, pois permite detectar precocemente alterações nas células cervicais antes que evoluam para estágios mais graves. 


Por fim, manter uma boa imunidade, evitar o tabagismo e realizar consultas ginecológicas regulares também são atitudes que contribuem para a saúde do colo do útero. 


Lembramos que cuidar-se de forma preventiva é o melhor caminho para garantir uma vida reprodutiva saudável e tranquila. 



Assim sendo, agende uma consulta com a especialista em saúde da mulher e mantenha seus exames em dia!


Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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