Gravidez pós parto: quanto tempo devo esperar para engravidar novamente?
Quer saber o que fazer para ter uma gravidez pós parto segura e no momento certo?
Após o nascimento de um bebê, muitas mulheres começam a se perguntar qual é o momento ideal para planejar uma nova gravidez.
Essa é uma dúvida muito importante, já que o intervalo entre uma gestação e outra pode influenciar a saúde da mãe, do bebê e até o bem-estar da família como um todo.
Neste artigo, você vai entender qual é o tempo recomendado entre uma gravidez e outra, os riscos de uma gestação precoce, os métodos contraceptivos seguros no pós-parto e por que o acompanhamento com a obstetra é indispensável nesse processo.
Continue a ler e entenda!
Existe um tempo mínimo recomendado entre uma gravidez e outra?
Sim, existe um tempo mínimo recomendado entre uma gravidez e outra.
De forma geral, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um intervalo de 24 meses entre um parto e a próxima gestação, ou seja, dois anos completos.
Essa recomendação tem como objetivo reduzir riscos tanto para a mãe quanto para o bebê, pois permite que o corpo da mulher se recupere adequadamente do estresse físico e nutricional da gestação anterior.
Afinal, durante a gravidez, o organismo sofre mudanças intensas, como alterações hormonais, perda de nutrientes (especialmente ferro e cálcio) e modificações no útero, que deve cicatrizar e retomar seu tamanho e tônus adequados.
Portanto, uma nova gestação em um curto espaço de tempo pode não dar ao corpo o tempo necessário para se restabelecer totalmente, aumentando a chance de complicações.
Além disso, lembramos que o intervalo também é importante para o bem-estar emocional da mãe, o estabelecimento da amamentação e a adaptação à nova rotina com o bebê.
Quais são os riscos de uma nova gestação logo após o parto?
Uma nova gestação logo após o parto pode trazer riscos aumentados tanto para a mãe quanto para o bebê, entenda abaixo:
Riscos para o bebê
Parto prematuro
Gravidezes muito próximas aumentam o risco de nascimento antes das 37 semanas, o que pode trazer complicações respiratórias e neurológicas para o recém-nascido.
Baixo peso ao nascer
A falta de tempo para a recuperação nutricional da mãe pode levar a um crescimento fetal inadequado.
Pequeno para a idade gestacional
O bebê pode nascer com peso e tamanho abaixo do esperado, mesmo a termo.

Maior risco de mortalidade neonatal e infantil
Intervalos curtos entre gestações estão associados a taxas mais altas de mortalidade neonatal e até infantil.
Riscos para a mãe
Déficit nutricional
A gravidez e a amamentação exigem muito do corpo da mulher.
Assim, um novo ciclo gestacional sem tempo adequado de recuperação pode levar a deficiência de ferro, cálcio, ácido fólico e outras vitaminas.
Anemia materna
A recuperação incompleta pode causar ou agravar a anemia, aumentando o risco de complicações na gravidez.
Complicações uterinas (em caso de parto cesariana anterior)
Existe maior risco de ruptura uterina, especialmente se o útero ainda não estiver completamente cicatrizado.
Depressão pós-parto não tratada ou agravada
Um novo bebê em um intervalo muito curto pode sobrecarregar emocionalmente a mãe, dificultando o vínculo com os filhos e aumentando o risco de transtornos emocionais.
No nosso blog, temos um artigo completo sobre baby blues e depressão pós-parto, acesse para saber mais!
O impacto emocional do puerpério pode afetar uma nova gravidez?
O puerpério, que é o período que vai desde o pós-parto imediato até cerca de seis meses após o nascimento do bebê, é marcado por intensas mudanças hormonais, emocionais e sociais.
Durante essa fase, muitas mulheres enfrentam desafios como exaustão, privação de sono, adaptação à maternidade, dificuldades com a amamentação e, em alguns casos, sintomas de depressão pós-parto ou ansiedade.
Esses fatores podem comprometer a saúde mental da mulher e influenciar negativamente o bem-estar durante uma nova gestação, caso ela ocorra precocemente.
Dessa forma, mulheres que engravidam novamente durante ou logo após o puerpério apresentam maior risco de desenvolver transtornos de humor, especialmente se ainda estiverem lidando com sintomas não tratados da depressão pós-parto.

Além disso, a sobrecarga emocional pode afetar a vinculação com os filhos, a qualidade do pré-natal e até mesmo o autocuidado da gestante.
Se a mulher engravidar precocemente, poderá continuar amamentando?
Descobrir uma nova gestação enquanto ainda se está amamentando pode gerar dúvidas e inseguranças.
Na maioria dos casos, a amamentação poderá ser mantida se a gestação estiver evoluindo bem e não houver contraindicações médicas. Ou seja, a gestação por si só não é uma contraindicação para a amamentação.
No entanto, o corpo passa por muitas transformações e é importante que a mãe esteja atenta aos seus próprios limites.
Aumentar a ingestão de líquidos e o consumo calórico pode ser necessário, já que o organismo estará nutrindo não só o bebê em desenvolvimento, mas também a criança que continua sendo amamentada.
É comum que, com o avançar da gravidez, ocorra uma queda na produção de leite e mudanças em seu sabor, o que faz com que algumas crianças desmamem espontaneamente. Em outros casos, a própria mulher pode optar por encerrar a amamentação, seja por aumento da sensibilidade nos mamilos, cansaço, sonolência ou até pela redução do espaço físico disponível para manter o aleitamento com conforto.
Por outro lado, existem situações específicas que exigem mais atenção.
Quando há risco de parto prematuro, pré-eclâmpsia, restrição de crescimento intrauterino ou outras condições que comprometem o bom funcionamento da placenta, a amamentação pode ser desaconselhada.
Isso porque a sucção pode estimular contrações uterinas.
Nestes casos, podemos recomendar a interrupção da amamentação a partir de 24 semanas ou antes, por precaução.
Cada caso é único e o mais importante é que a mulher se sinta segura e acolhida para tomar a decisão que fizer mais sentido para ela e para sua família.
A fertilidade volta quanto tempo após o parto, mesmo com amamentação exclusiva?
Muitas mulheres acreditam que, enquanto estiverem amamentando exclusivamente, não há risco de engravidar.
De fato, a amamentação exclusiva pode funcionar como um método natural de contracepção nos primeiros meses após o parto, um fenômeno conhecido como amenorreia lactacional.
No entanto, é importante saber que essa proteção não é garantida e que a fertilidade pode retornar a qualquer momento, especialmente após os seis primeiros meses, mesmo que a menstruação ainda não tenha voltado.
A produção de prolactina, o hormônio responsável pela amamentação, inibe temporariamente a ovulação, mas esse efeito diminui à medida que o bebê começa a espaçar as mamadas, dormir por mais tempo à noite ou iniciar a introdução alimentar.
Por isso, mesmo com amamentação exclusiva, pode haver ovulação e, consequentemente, possibilidade de uma nova gravidez.
Cada corpo responde de forma diferente e o retorno da fertilidade varia bastante. Para evitar uma gestação não planejada, é importante conversar com o obstetra sobre métodos contraceptivos seguros e compatíveis com a amamentação, mesmo nos primeiros meses do pós-parto.
Quais métodos contraceptivos são seguros durante o pós-parto?
Durante o pós-parto, é fundamental escolher métodos contraceptivos seguros e adequados ao momento fisiológico e, especialmente, à amamentação.
Então, confira abaixo os principais métodos que recomendamos para esse período:
Preservativo (camisinha feminina ou masculina)
Os preservativos são uma opção segura e imediata para a contracepção no pós-parto.
Eles podem ser usados assim que houver o retorno das relações sexuais, sem interferir na produção de leite materno ou na saúde da mãe e do bebê.
Ademais, também são o único método que protege contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
Pílulas só de progesterona (minipílula)
As minipílulas, compostas apenas por progesterona, são indicadas para mulheres no pós-parto, principalmente aquelas que estão amamentando.
Elas podem ser iniciadas logo após o parto ou a partir da 6ª semana, dependendo da avaliação médica.
Diferente das pílulas combinadas, elas não afetam a produção de leite e são bem toleradas pela maioria das mulheres.
Injetáveis de progesterona
Os anticoncepcionais injetáveis à base de progesterona são uma opção segura para o pós-parto.
Em mulheres que estão amamentando, recomendamos iniciar o uso a partir da 6ª semana após o parto.
Para as que não estão amamentando, a aplicação pode ser feita mais cedo, conforme orientação médica.
O implante é um pequeno bastonete inserido sob a pele do braço, que libera progesterona de forma contínua por até três anos.
Pode ser colocado a partir do dia do parto, ou antes da alta hospitalar, independente se a mulher vai amamentar ou não.
Por ser de longa duração, altamente eficaz e não depender da lembrança diária, é um método bastante recomendado para quem busca praticidade.
Dispositivo intrauterino (DIU – cobre ou hormonal)
O DIU é um dos métodos mais eficazes e duradouros disponíveis.
Pode ser inserido logo após o parto, após a saída da placenta, tanto em casos de parto vaginal quanto cesárea, ou algumas semanas depois, geralmente a partir da 6ª semana.
O DIU de cobre é isento de hormônios, o que o torna ideal para quem deseja evitar qualquer interferência hormonal.

Já o DIU hormonal libera pequenas quantidades de progesterona localmente, sem afetar a amamentação.
Gravidez pós parto: qual a importância de contar com o acompanhamento da obstetra?
Planejar uma nova gravidez envolve uma série de cuidados físicos e emocionais.
Como explicamos, o ideal é que o corpo da mulher tenha tempo suficiente para se recuperar completamente da gestação anterior, o que inclui a reposição de nutrientes, a cicatrização do útero e o equilíbrio hormonal.
Além disso, o aspecto emocional é fundamental.
O puerpério pode ser um período de grandes transformações e, por isso, é importante garantir que a mulher esteja bem emocionalmente antes de iniciar uma nova gestação.
Assim sendo, o acompanhamento com uma obstetra é essencial nesse processo.
A especialista vai avaliar o histórico da gestação anterior, as condições clínicas atuais, a presença de possíveis complicações, o tipo de parto realizado, a regularidade do ciclo menstrual e o estado nutricional e emocional da mulher.
Também é nesse momento que podemos discutir métodos contraceptivos temporários até que a nova gravidez seja de fato desejada, assim como solicitar exames pré-concepcionais para garantir que o organismo esteja pronto para uma nova gestação.
Contar com esse acompanhamento especializado é a melhor forma de proteger a saúde da mãe e do futuro bebê, prevenindo riscos e promovendo uma gestação mais tranquila e segura.
Então, se você está pensando em engravidar novamente, converse com a obstetra.
Agende uma consulta ainda hoje e tire todas as suas dúvidas!
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