Não quer usar hormônios? Conheça o DIU de cobre!

admin • jul. 27, 2020
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Sabemos que a prevenção da gravidez indesejada é essencial e que, para tal, a mulher deverá escolher um método contraceptivo mais indicado para seu caso. Neste artigo, vamos esclarecer todas suas dúvidas sobre o DIU, mais especificamente o DIU de cobre e de prata.

Atualmente, a pílula anticoncepcional é um dos métodos mais utilizados. Entretanto os efeitos colaterais provocados pelos hormônios geram uma série de questionamentos em relação ao seu uso.

Além da dificuldade em se adaptar aos efeitos da pílula no organismo, existe o risco do uso incorreto, quando a mulher esquece de tomar o comprimido, levando a sangramentos irregulares e aumento da chance de falha.

Diante disso, a contracepção por meio da utilização do DIU (Dispositivo Intrauterino) tem sido cada vez mais adotada.

Atualmente, o uso do DIU de cobre se apresenta como o método anticoncepcional reversível mais usado no mundo. Estima-se que cerca de 170 milhões de usuárias adotam esta forma de contracepção, contra cerca de 110 milhões de mulheres que optam pela pílula.

No Brasil, no entanto, a quantidade de mulheres que faz uso da pílula anticoncepcional ainda é bem maior que aquelas que utilizam DIU.

Um dos motivos desta realidade é a falta de conhecimentos em relação a este método mundialmente adotado.

O que é o DIU e como ele funciona

DIU é a sigla para Dispositivo Intrauterino e é um método contraceptivo que tem um dos menores índices de falha (6 a cada 1000 usuárias por ano).

O dispositivo é formado de uma haste maleável em forma de “T” que é inserida dentro do útero. Através da liberação de substâncias, torna o muco cervical espesso, desfavorável para os espermatozoides subirem da vagina, altera o padrão de motilidade das tubas uterinas e deixa o endométrio inóspito ao embrião evitando, assim, a fertilização.

Atualmente, existem três tipos diferentes do DIU: o de cobre, o de cobre+prata e o hormonal.

Neste artigo, vamos focar nos DIUs não hormonais, ou seja, o de cobre e o de cobre+prata.

DIU de cobre

O DIU de cobre, possui a haste revestida com este metal. No útero, libera pequenas quantidades de cobre, que causa alterações no endométrio, no muco e na movimentação das trompas.

Assim, a região torna-se hostil ao espermatozoide, evitando que a gravidez ocorra.

Este método é bastante seguro, sendo que a taxa de gravidez das mulheres que o utilizam é inferior a 1%. Além disso, o DIU de cobre poderá permanecer no organismo com a mesma eficácia contraceptiva por 5 ou 10 anos, a depender do modelo escolhido.

Um dos efeitos colaterais principais é o aumento do fluxo e do tempo de duração da menstruação. Além disso, algumas mulheres podem sentir mais cólicas durante  este período. 

Isso não significa, todavia, que sejam alterações insuportáveis ou de difícil controle. A maioria das usuárias se adapta bem depois de alguns meses de uso.

DIU de cobre+prata 

O DIU de prata é mais recente e possui em sua haste uma associação entre o cobre e a prata.

No útero, possui o mesmo efeito que o DIU de cobre, pois altera as condições do local e impossibilita a fecundação do óvulo pelo espermatozóide.

A grande diferença entre eles é que a adição de prata tende a melhorar o perfil de efeitos colaterais do cobre,  segundo informações do fabricante, fazendo com que o aumento do fluxo menstrual seja menor em comparação ao DIU de cobre. Além disso, a ocorrência de cólicas tende também a ser menos frequente.

Outro aspecto positivo é que a prata diminui o risco de oxidação do cobre, aumentando a eficácia da contracepção. Este DIU poderá permanecer cinco anos no organismo.

Como o DIU é inserido e retirado

O DIU deverá sempre ser inserido por uma Ginecologista para garantir a segurança da mulher. Poderá ser colocado no próprio consultório e todo o processo demora cerca de 10 a 15 minutos.

Outra opção é a inserção com sedação (anestesia leve) no centro cirúrgico, com alta no mesmo dia.

Quando se opta pela colocação no consultório, pode ser recomendado o uso de analgésicos ou antiinflamatórios alguns minutos antes da colocação, e também pode ser realizada anestesia local no colo uterino.

O dispositivo ficará inteiramente dentro do útero e um fio fininho, que é preso na extremidade inferior do dispositivo, ficará fora do útero, no orifício externo do colo, sendo acessível pela vagina durante o exame ginecológico e podendo ser sentido pela paciente, caso ela introduza um dedo no interior da vagina. 

No dia a dia, o fio não é sentido pela paciente e, de modo geral, também não é sentido pelo parceiro durante as relações sexuais. A presença do fio serve para controle de que o DIU permanece no lugar e ajudará o médico no futuro, quando for o momento da extração ou troca do mesmo.

Quando realizar a colocação:

O dispositivo poderá ser inserido em qualquer fase do ciclo menstrual, mas é mais facilmente colocado durante o período menstrual, pois o colo uterino está um pouco mais aberto. Caso seja optada pela colocação fora da menstruação, é essencial fazer um exame prévio para garantir que a mulher não esteja grávida. Podem ser solicitados também exames para afastar a presença de bactérias no colo uterino e é importante ter um papanicolau recente.

O DIU também pode ser inserido imediatamente após o parto ou processos de abortamento, desde que excluída a possibilidade de infecção.

Cuidados pós inserção:

Será recomendando que a mulher faça leve repouso no dia do procedimento e evite ter atividades sexuais, pois pode ter cólicas. Em linhas gerais, será possível retornar à rotina normalmente já no dia seguinte.

As mulheres costumam ter muitas dúvidas em relação a dor do procedimento:isso irá depender da sensibilidade de cada paciente mas, no geral, há um incômodo para a inserção.

Como o tempo de colocação costuma ser muito curto, o procedimento é facilmente tolerável pela imensa maioria das mulheres.

Pode ser necessário o uso de analgésicos ou anti-inflamatórios nas primeiras 24h após colocação.

E a retirada?

A remoção do dispositivo, é um procedimento igualmente simples, porém muito mais rápido. Quando os fios estão acessíveis pelo exame ginecológico basta tracioná-los com auxílio de uma pinça de preensão.

Não há necessidade de anestesia e o processo dura menos de 1 minuto.

Quando os fios não estão acessíveis, seja porque foram cortados muito curtos ou porque o DIU mudou de posição ao longo do tempo, pode-se tentar encontrar os fios com o auxílio de uma pinça endocervical e, caso isso não funcione, será necessária a realização de uma histeroscopia para remoção do mesmo.

É importante ressaltar que nenhum tipo de DIU causa infertilidade. Logo após retirar o dispositivo a mulher já estará apta para engravidar. Vale lembrar também que a fertilidade feminina é diretamente proporcional à idade: caso resolva remover o DIU e tentar engravidar após os 40 anos, pode ser muito mais difícil que aos 30 ou 35 anos.

Quem pode e quem não pode usar o DIU de cobre ou prata

Antes se inserir o DIU será necessário fazer alguns exames para certificar que a paciente esteja apta a utilizá-lo.

No geral, todas as mulheres sexualmente ativas que não apresentem doenças inflamatórias pélvicas no momento poderão utilizar o dispositivo. 

Para meninas que ainda não começaram a ter relações sexuais, mas pretendem começar em breve e desejam um método não hormonal de alta eficácia, também não há contraindicação ao uso, porém pode haver ruptura do hímen durante a colocação do dispositivo. Nestes casos preferimos a colocação com sedação em centro cirúrgico, para evitar maior desconforto e realizar correção dessas rupturas, caso ocorram.

As seguintes condições impedem o uso do DIU:

  • Infecção ginecológica no momento da colocação;
  • Anormalidades anatômicas do útero;
  • Gravidez;
  • Câncer no útero.

Além disso, o DIU de cobre ou prata serão contraindicados para mulheres que tenham alergia a estes materiais ou que tenham doença de Wilson, uma doença genética rara na qual o cobre se acumula no corpo.

Quais são os efeitos colaterais?

No geral, o uso do DIU não apresenta muitos efeitos colaterais.

Poderá ocorrer dor pélvica – cólicas – e sangramento irregular de baixa intensidade, especialmente nos primeiros meses de uso. 

Após algum tempo pode haver aumento do fluxo menstrual (duração do tempo de sangramento principalmente) e das cólicas durante a menstruação, que costuma melhorar após 4-6 meses de uso e é tolerável para a imensa maioria das usuárias. Caso os sintomas sejam muito intensos, há opções de tratamentos para melhorá-los e manter o uso do dispositivo.

Além disso, haverá um pequeno risco, principalmente nos primeiros meses, do DIU sair do lugar. Em caso de suspeitas, será essencial usar um método contraceptivo de barreira e procurar o médico imediatamente.

Não é efeito colateral, mas pode ser considerado desvantagem o DIU não ter inferência com padrão de acne ou controle de oleosidade da pele.

Quais as principais vantagens do DIU de cobre e de prata? 

Diversas são as vantagens da utilização do DIU. Além de ser um contraceptivo altamente eficaz, apresenta baixo custo de manutenção, principalmente quando pensamos no seu tempo de duração.

Além disso, devido ao fato do DIU de cobre e prata não possuírem hormônios, não aumentam o risco de trombose e não estão relacionados com aumento de risco de neoplasias.

Na realidade, o DIU é um método indicado para mulheres que possuem uma tendência a esse tipo de problema.

Outro ponto importante é que a ausência de hormônios faz com que o método não interfira na libido da mulher, não cause retenção de líquidos e não interfira com quadros de dor de cabeça.

O uso de DIU também não causa retenção hídrica, inchaço, aumento ou redução de peso e não interfere com amamentação.

Outras vantagens importantes do método:

  • Menor risco de falhas, pois não é necessário lembrar o uso diário, semanal ou mensal;
  • Não interfere nas relações sexuais;
  • Longa ação;
  • Rapidamente reversível;
  • Poucos efeitos colaterais;
  • Poucas contraindicações;
  • Não interfere com o peso;
  • Não tem a eficácia alterada por certos medicamentos.

Caso você tenha interesse em trocar o método contraceptivo que usa atualmente por um DIU, procure uma médica Ginecologista e converse sobre os prós e contras de cada opção!

Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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