Mirena e Kyleena – DIUs Hormonais

admin • ago. 03, 2020
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O uso de contraceptivos é um grande aliado para mulheres que não pretendem engravidar em determinada fase da vida. Diversos métodos estão disponíveis, por exemplo os DIUs hormonais, como o Mirena e Kyleena.

Atualmente, temos uma ampla gama de opções anticonceptivas à disposição, cada um com suas vantagens e desvantagens. Dessa maneira, caberá à mulher, junto com sua Ginecologista, optar por aquela que melhor se enquadra nas suas necessidades.

O DIU (dispositivo intrauterino) medicado é uma técnica contraceptiva cada vez mais utilizada. Possui uma haste em forma de “T” que é inserida dentro do útero e libera substâncias que tornam a região hostil para os espermatozoides.

Hoje, contamos com três tipos de DIU que variam conforme sua composição: o de cobre, o de prata e o hormonal.

Vamos falar agora sobre o DIU hormonal que, no Brasil, é comercializado como Mirena® ou Kyleena®.

DIU hormonal: Mirena e Kyleena

Mecanismo de Ação

Os DIUs hormonais têm como mecanismo de funcionamento a liberação de progesterona no útero. Este hormônio provoca alterações no muco cervical, no endométrio e na motilidade das tubas. Desta forma, o local se torna desfavorável para os espermatozóides impedindo a sua subida pelos órgãos pélvicos femininos e a fertilização do úvulos.

Eles são dois dispositivos muito similares, produzidos pelo mesmo laboratório, porém o Kyleena tem uma dose de progesterona um pouco menor que o Mirena. Também são conhecidos como SIU-LNG, sigla para Sistema Intrauterino liberador de Levonorgestrel.

O levonorgestrel é um progestágeno sintético com ação progestagênica e androgênica. Quando usado em dispositivos intrauterinos tem ação predominante no endométrio, com pouca absorção sistêmica.

Por este motivo tem menos efeitos colaterais, comparativamente às pílulas, por exemplo.

Eficácia

A segurança deste método é bastante elevada, já que as chances de engravidar ficam em 0,2% ao ano. Traduzindo: a cada mil usuárias, apenas duas podem engravidar usando SIU. É um dos contraceptivos de altíssima eficácia, comparável à laqueadura tubária com a vantagem de ser reversível!

Além da contracepção, os SIUs podem apresentar como efeito colateral (ou benéfico, a depender do ponto de vista) a redução ou  bloqueio da menstruação. Dessa maneira, estima-se que até dois terços das mulheres que os utilizam param de menstruar, sendo este número maior com o Mirena. 

Inserção e Controle

No geral, estes dispositivos são inseridos da mesma forma que os DIUs de cobre ou prata, com uso de insertores que os acompanham em sua embalagem. Sendo assim, somente um ginecologista poderá fazer o procedimento, que poderá ser  executado no próprio consultório ou com sedação em centro cirúrgico.

O DIU ficará inteiramente dentro do útero e um fio fininho, que é preso na extremidade inferior do dispositivo, ficará fora do útero, no orifício externo do colo, sendo acessível pela vagina durante o exame ginecológico e podendo ser sentido pela paciente, caso ela introduza um dedo no interior da vagina. 

No dia a dia, o fio não é sentido pela paciente e, de modo geral, também não é sentido pelo parceiro durante as relações sexuais. A presença do fio serve para controle de que o DIU permanece no lugar e ajudará o médico no futuro, quando for o momento da extração ou troca do mesmo.

Diferenças entre o Mirena e Kyleena

Inicialmente devemos dizer que, apesar das diferenças entre estes dois tipos de SIUs, a eficácia do ponto de vista contraceptivo é a mesma para ambos.

Os dois dispositivos diferem, essencialmente, no tamanho e na quantidade de hormônio liberado. No que se refere ao tipo de hormônio, ambos liberam a progesterona levonorgestrel.

O Kyleena é ligeiramente menor que o Mirena. Além disso, o Kyleena possui 19,5 mg de hormônio armazenado e libera cerca de 15,3 mcg de progesterona por dia. Já o Mirena possui 52 mg de hormônio armazenado e libera cerca de 20 mcg por dia. Esta dose de hormônio liberado vai reduzindo ao longo do uso, mas é sempre suficiente para manter a eficácia.

O tamanho do DIU deve ser levado em consideração em pacientes que possuem um útero menor, como adolescentes ou mulheres que nunca engravidaram.  Isso porque, nestes casos, um DIU maior poderá oferecer mais desconforto e cólicas, bem como risco de expulsão ligeiramente maior.

No que se refere à quantidade de hormônios, o Kyleena pode ser uma boa opção para pacientes mais sensíveis à ação da progesterona, já que libera uma quantidade menor do hormônio e irá provocar menos efeitos colaterais em relação ao Mirena. Devido a dose hormonal ser menor, também é menor a taxa de anovulação associada.

Quem pode ou não pode usar SIU?

A utilização de qualquer tipo de DIU estará atrelada à realização de uma consulta ginecológica com anamnese completa, exame físico ginecológico e podem ser solicitados alguns exames para garantir que a paciente não possua alguma condição que impeça seu uso.

Não há limite de idade ou obrigatoriedade de já ter tido partos ou relações sexuais para colocação destes dispositivos. Os SIU estão dentro da categoria de contraceptivos chamada LARC (junto com os outros DIU e o implante contraceptivo) – contraceptivos reversíveis de longa duração – que são as opções mais recomendadas para adolescentes, inclusive por associações de Pediatras nacionais e internacionais, devido a grande eficácia contraceptiva e os efeitos devastadores de uma gravidez indesejada nesta fase da vida das meninas e adultas jovens.

Assim, os DIUs hormonais são indicados nos seguintes casos:

  • Desejo de contracepção eficaz de longa duração;
  • Ciclo menstrual muito intenso ou prolongado;
  • Quando as cólicas menstruais são frequentes;
  • Mulheres em menopausa, como parte da proteção endometrial na reposição hormonal;
  • Como tratamento para endometriose;
  • Tratamento de sangramento anormal por miomas ou adenomiose, sem distorção da cavidade, ou por outras causas.

O uso do DIU hormonal será desaconselhado quando a mulher:

  • Tem ou teve câncer de mama nos últimos 5 anos;
  • Possui doenças hepáticas ativas;
  • Infecções ginecológicas atuais;
  • Possui anormalidades anatômicas do útero;
  • Trombose venosa atual;
  • Portadoras de lupus eritematoso com síndrome antifosfolípide;
  • Tem enxaqueca com aura; 
  • Está grávida;
  • Tem câncer no útero.

Quais são os efeitos colaterais?

Os DIUs de progesterona poderão apresentar efeitos colaterais, principalmente relacionados aos efeitos de absorção sistêmica da progesterona. O percentual absorvido é pequeno, mas pode ser suficiente para causar sintomas em algumas mulheres.

Podemos citar como principais efeitos colaterais:

  • Dores nas mamas;
  • Dores de cabeça;
  • Agravamento da acne;
  • Aumento da retenção de líquido – aumento de até 1,5kg;
  • Ausência de menstruação;
  • Sangramentos de escape no meio do ciclo;
  • Náuseas e vômitos nos primeiros meses de uso;
  • Alterações de humor e libido.

Como no uso de qualquer tipo de DIU, a mulher poderá sentir também dor pélvica, principalmente relacionado à adaptação do corpo ao dispositivo. 

A maior parte dos sintomas adversos irá aparecer nos primeiros meses de uso e tende a amenizar ou melhorar completamente após 4-6 meses da colocação. Para aquelas sensações mais incômodas há opções de tratamento, portanto, converse com sua Ginecologista caso sinta alguma coisa!

Quais as principais vantagens e desvantagens dos DIUs hormonais?

Podemos citar diversas vantagens dos DIUs hormonais:

  • Duram até 5 anos no organismo;
  • Altíssima eficácia;
  • Amenizam as menstruações intensas e cólicas associadas;
  • Podem ser usados durante a amamentação;
  • Redução ou ausência de fluxo menstrual;
  • Não precisa lembrar de tomar ou aplicar;
  • Quando retirados, o efeito contraceptivo passa rapidamente e a mulher poderá engravidar em breve.

Já como principais desvantagens, temos:

  • São mais caros que os DIUs de cobre ou prata – porém comparativamente com as pílulas mais usadas, o preço é semelhante quando se faz o cálculo por 5 anos de uso;
  • Alguns efeitos colaterais podem ser incômodos, por exemplo, a acne e as dores de cabeça, e levar alguns meses para melhorar completamente;
  • Apesar de raro, pode haver um risco de infecção;
  • Precisa de profissional habilitado para inserção e retirada;
  • Não protege contra infecção por HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Todos os métodos contraceptivos tem prós e contras. Infelizmente ainda não foi inventado um método que seja altamente eficaz, isento de efeitos colaterais, com custo reduzido e que só traga benefícios.

A escolha anticoncepcional requer avaliação do planejamento reprodutivo, grau de eficácia contraceptiva requerida, perfil clínico da paciente e benefícios não contraceptivos desejados. Converse com sua Ginecologista !!

Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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