Você sabia que é possível fazer a doação de leite materno?
Sabemos que o leite materno é o alimento mais indicado nos primeiros 2 anos de vida, especialmente nos primeiros seis meses, tendo papel fundamental na proteção contra doenças infecciosas e crônicas da infância.
Uma pesquisa realizada pelo Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019) mostrou que a amamentação poderia evitar a morte de 820 mil crianças menores de cinco anos por ano no mundo.
Isso porque, o leite materno é muito importante no combate à desnutrição, além de ser rico em anticorpos, proteínas, carboidratos e lipídios essenciais para o recém-nascido.
Hoje, indicamos a amamentação exclusiva nos primeiros 6 meses e a recomendação é que a criança receba o leite da mãe até os dois anos ou mais.
Um outro ponto que devemos destacar é que o leite humano é ainda mais essencial para bebês prematuros ou com alguma doença.
Nesses casos, receber o leite aumenta as chances de recuperação, pois eles ganham peso mais rápido, ficam protegidos de infecções e se desenvolvem de forma mais saudável.
No entanto, em muitos casos as mães destas crianças não podem amamentar seus filhos. Então, para que esta parcela dos nenéns possa receber o alimento, a doação de leite materno torna-se essencial.

Felizmente, o Brasil possui um modelo de Bancos de Leite Humano (BLH) considerado referência internacional. Isso torna a prática mais fácil e segura para a doadora e também para o neném que recebe o leite.
Além disso, temos uma legislação específica (RDC Nº 171) que dispõe sobre o funcionamento dos bancos de leite.
Quem pode fazer a doação de leite materno?
De acordo com a RDC Nº 171, para que a mulher seja doadora ela tem que atender a alguns requisitos:
- Produzir um volume de leite além da necessidade do próprio bebê;
- Ser saudável;
- Não usar medicamentos que afetem a amamentação;
- Estar disposta a ordenhar e doar o leite excedente.
Vale ressaltar que não existe uma quantidade mínima para a doação e que um litro de leite materno pode alimentar até 10 recém-nascidos por dia.
Além disso, a doação do leite não reduz a disponibilidade para o próprio filho, pois quanto mais leite a mulher retira, mais leite seu corpo produz.

Como é o procedimento?
Caso você queira ser doadora, deve entrar em contato com o BLH mais próximo por telefone. Você pode mapear os bancos de leite do Brasil
clicando aqui.
Será necessário fazer um cadastro e, para tal, é preciso apresentar os últimos exames do pré-natal.
Então, um médico avaliará os dados e, estando tudo certo, a equipe entrará em contato com você. Neste contato inicial são fornecidas todas as orientações sobre a coleta, armazenamento e o dia que a retirada do leite é feita em sua casa.

No geral, cada região da cidade é atendida pelo menos uma vez por semana. Em cada visita, a doadora recebe novos frascos esterilizados vazios e entrega a sua doação de leite.
Então, a equipe realiza o transporte em caixas isotérmicas com gelo reciclável e controle de temperatura para garantir a qualidade do leite.
O que é feito com o leite materno após a doação?
A RDC Nº 171 traz também uma série de regras para o tratamento do leite antes de sua distribuição, de modo a garantir a segurança do recém-nascido que o receberá.
Assim, todo o leite é analisado, pasteurizado e submetido a um rigoroso controle de qualidade antes de ser doado a um neném. Somente após uma série de análises que o banco de leite faz a distribuição.

Neste ponto, devemos alertar para a necessidade de ter cuidado com a doação direta de leite para outro neném.
Antigamente, quando uma mãe apresentava alguma dificuldade com o aleitamento era muito comum ela recorrer a uma ama-de-leite, que fazia a amamentação da criança. Esse processo se chama amamentação cruzada e era muito comum entre mulheres da mesma família ou vizinhas que tinham filhos em época semelhante.
No entanto, hoje essa prática é formalmente contraindicada pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Isso porque, ela pode trazer diversos riscos ao bebê, como a transmissão de doenças infectocontagiosas.
Portanto, uma mãe não deve amamentar outra criança e nem deixar que outra mulher amamente seu filho, mesmo que seja sua irmã, mãe ou amiga.
A grande diferença é que o leite proveniente do banco de leite passou por um rigoroso controle, garantindo a isenção da possibilidade de transmissão de doenças.
Então, caso você não consiga amamentar ou conheça alguma mãe nesta situação, busque orientação com uma médica ou procure o banco de leite humano mais próximo, pois eles também oferecem orientação e apoio às lactantes.
E lembre-se: a doação de seu leite pode salvar vidas.
Que tal pensar nessa possibilidade?
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