Antidepressivo na gravidez: o que preciso saber?

24 de outubro de 2022
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O uso de antidepressivo na gravidez é muito discutido, pois pode trazer riscos para a mãe e o bebê.


No entanto, devemos ter um olhar bastante cauteloso para esta questão, pois a depressão e a ansiedade não controladas também trazem riscos significativos nesta fase da vida da mulher.


Sabemos que a gestação é um momento complexo para a paciente que, além de passar por grandes alterações hormonais, também pode enfrentar momentos de vulnerabilidade e insegurança. Transtornos de humor prévios podem se manifestar ou intensificar na gravidez.


Pesquisas mostram que, no Brasil, 12,9% a 37,9% das gestantes apresentam um quadro de depressão. Inclusive, mulheres que já tiveram eventos depressivos anteriores têm chances duas vezes maiores de terem este distúrbio durante a gravidez.


Um sinal de alerta importante é que, frequentemente, as gestantes não percebem os sintomas da depressão ou não se sentem confortáveis em assumir que não estão bem psiquicamente, o que faz com que não procurem auxílio médico.


Este fato é preocupante, pois de acordo com a Febrasgo, a gestante com depressão apresenta gravidez de alto risco e deve receber acompanhamento especializado.


Quais os riscos da depressão para a gestante?


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A gestante com quadro depressivo está mais exposta ao uso do álcool, cigarro e outras drogas, além de poder abrir mão do autocuidado e nutrição adequados.


Assim, podemos citar como principais riscos desta condição:


  • Pré-eclâmpsia;
  • Diabetes mellitus gestacional;
  • Abortamento autoinduzido;
  • Prematuridade;
  • Más formações no feto;
  • Alterações cerebrais e comportamentais da prole;
  • Crescimento intrauterino restrito;
  • Baixo peso ao nascer;
  • Depressão pós-parto.


Dessa forma, o acompanhamento pré-natal criterioso com equipe multidisciplinar é fundamental nestes casos.


Quais os riscos do uso de antidepressivo na gravidez? 


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Assim como a depressão, o uso de antidepressivos também pode trazer riscos para a gestante e o feto.


Um estudo publicado em 2020 pelo JAMA Psychiatry nos mostra que 5,1% das mulheres que fizeram uso de antidepressivos durante a gestação tiveram filhos que nasceram com malformações.


Cada substância agirá de forma distinta no organismo e, no geral, trazem ricos muito similares àqueles da depressão, sendo os principais neste caso:


  • Más formações no feto;
  • Alterações cerebrais e comportamentais da prole;
  • Crescimento intrauterino restrito;
  • Baixo peso ao nascer;
  • Abortamento espontâneo;
  • Prematuridade.


No entanto, a Febrasgo afirma que evitar o uso de medicamento psiquiátrico durante a gestação para garantir uma gravidez livre de riscos é uma estratégia clínica frágil e contestável. Você deixa de tratar uma condição que certamente pode fazer mal por um risco teórico de efeito adverso.


Assim, apesar de existir um certo dilema terapêutico nesses casos, atualmente já contamos com evidências científicas que nos permitem avaliar qual a conduta mais adequada para cada paciente.   


Como fazer o tratamento da depressão durante a gestação? 


Inicialmente, é preciso deixar claro que o acompanhamento conjunto com psiquiatra e obstetra é fundamental nestes casos.


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No que se refere ao uso de medicamentos, ainda hoje não há um antidepressivo único que seja a melhor opção para todas as pacientes e nem um antidepressivo que seja absolutamente contraindicado.


Então, será fundamental fazer uma análise criteriosa e individualizada do quadro de saúde da paciente para, assim, definir a melhor conduta.


Além disso, deve-se avaliar o risco benefício de não tratar a depressão nesta fase, pois como vimos, esta condição também oferece uma série de riscos para a saúde da mãe e do feto.


Ressaltamos a importância da própria gestante fazer parte do processo de tomada de decisão nestes casos, sempre devidamente orientada sobre os riscos e benefícios de suas escolhas.


Ademais, podemos indicar uma série de medidas não medicamentosas como coadjuvantes ou primeira linha de tratamento, a depender de cada caso:


  • Acompanhamento psicológico e psicoterapia com foco em terapia cognitivo comportamental, nos casos de depressão e ansiedade;
  • Prática de atividade física;
  • Mudanças na alimentação;
  • Meditação e outras técnicas de atenção plena;
  • Adequação do sono.


O mais importante é compreender a importância de procurar ajuda médica ao perceber os sintomas da depressão.


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Então, esteja atenta caso você esteja gestante e tenha os seguintes sintomas por mais de duas semanas, converse com sua obstetra:


  • Perda de interesse ou prazer pelas atividades;
  • Fadiga física e mental;
  • Rebaixamento do humor;
  • Sentimento de culpa e inutilidade;
  • Distúrbios do sono;
  • Alterações alimentares.


Apesar de muitos incômodos serem similares àqueles típicos da gestação, um médico experiente conseguirá identificar a diferença entre os quadros que necessitam intervenção e os que não precisam.


Então, será possível decidir se o uso de antidepressivo na gravidez é necessário e qual o mais seguro para o seu caso! 


Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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