Contracepção não hormonal

admin • out. 15, 2020
FALAR VIA WHATSAPP

Um dos principais pilares do acompanhamento ginecológico é o planejamento familiar.

Apesar de a maioria das pessoas pensarem nesse tema como sinônimo de anticoncepção, este tipo de planejamento inclui estratégias para ajudar as mulheres a decidir se querem ter filhos, quantos e quando ter filhos. 

Algumas vezes o aconselhamento sugerido vai ser quando parar de evitar a gestação.

Ter conhecimento sobre os diferentes tipos de métodos anticoncepcionais é fundamental para começar a falar em planejamento familiar. Há uma infinidade de possibilidades, e simplesmente não existe o melhor método, mas sim aquele método que mais se encaixa no seu perfil e estilo de vida

Tem quem busque métodos de longa duração, outras curta duração, altíssima eficácia anticoncepcional ou eficácia mediana, com ou sem hormônios, proteção adicional contra doenças sexualmente transmissíveis, efeitos sobre o sangramento menstrual ou acne…

Enfim, um mar de possibilidades.

Se você quer saber mais sobre anticoncepção hormonal, clique aqui .

Se você não pode ou não quer fazer uso de métodos hormonais, a seguir vamos falar um pouco mais sobre outros métodos disponíveis.

Escolher corretamente aquele que mais se enquadra na sua rotina atual é fundamental para manutenção do uso e satisfação pessoal com o método escolhido!

É importante também lembrar que esta não costuma ser uma escolha definitiva. Caso você não se adapte, pode trocar de método ou associar métodos diferentes, a fim de melhorar a eficácia.

Métodos Comportamentais

Dependem de algum comportamento específico e/ou conhecimento detalhado do seu próprio ciclo menstrual, bem como de alterações no seu corpo induzidas pela ovulação, identificando o período fértil do ciclo, e realizando abstinência sexual ou uso de métodos de barreira neste período.

Este tipo de opção requer, portanto, participação ativa do casal neste processo. São fontes de um profundo auto conhecimento do próprio corpo e funcionamento do ciclo menstrual.

São métodos considerados de baixa eficácia anticonceptiva, e, portanto, não são recomendadas para pessoas que não devem engravidar.

A associação de métodos comportamentais é uma estratégia que aumenta a eficácia dos métodos, visando diminuir a chance de gravidez indesejada.

Coito Interrompido

O coito interrompido consiste em evitar a ejaculação dentro da vagina.

Exige do parceiro um certo grau de conhecimento do próprio corpo e atitude ativa em interromper o intercurso sexual imediatamente antes da ejaculação. 

Nova penetração vaginal só deve ser realizada após higienização do pênis, a fim de evitar contato do esperma com a região vaginal. Uma única gota de esperma pode ter mais de 1 milhão de espermatozóides!!!

Um dos principais problemas deste método é que antes da ejaculação propriamente dita o homem pode liberar um líquido rico em espermatozóides sem perceber, fazendo com que a eficácia anticoncepcional não seja tão boa.

Outro problema é justamente ter que interromper o intercurso sexual no meio, fazendo com que o casal não consiga aproveitar tão bem este momento de intimidade.

Sua taxa de falha varia entre 5 e 20 casos de gestação a cada 100 mulheres por ano.

Tabelinha

Este método requer um monitoramento detalhado do seu ciclo menstrual. Se baseia nas probabilidades de ovulação no meio do ciclo e na probabilidade de gestação em relação ao dia da ovulação. 

Dra-juliana-ribeiro-contracepcao-nao-hormonal-sao-paulo

Deve ser realizado por mulheres com ciclos regulares e com duração entre 26 e 32 dias. 

Consiste em abstinência sexual e/ou uso de método de barreira do oitavo ao décimo nono dias do ciclo, em média. O primeiro dia da menstruação é considerado o primeiro dia do ciclo menstrual.

Sua taxa de falha varia entre 5 e 12 casos de gestação a cada 100 mulheres por ano, e pode ser mais alta em mulheres com ciclos menstruais mais curtos que 26 dias ou mais longos que 32 dias em mais que dois ou três meses por ano. 

Não é recomendado para adolescentes, mulheres em período pós parto ou transição menopausal ou com síndrome de ovários policísticos, devido a irregularidade menstrual que caracteriza estes períodos.

Temperatura Corporal

Outro método que pode auxiliar é baseado na verificação diária da temperatura corporal. Sabemos que durante o ciclo menstrual normal a temperatura corpórea basal é 0,3ºC mais alta na fase lútea que na fase folicular.

Dra-juliana-ribeiro-temperatura-corporal

A temperatura começa a se elevar um ou dois dias após a subida dos níveis de progesterona, e persiste mais alta por cerca de dez dias. Isso ocorre após a ovulação e produção de progesterona pelo corpo lúteo. Portanto, este método marca o fim do período fértil.

Deve ser evitado coito desprotegido desde o primeiro dia do ciclo até que haja pelo menos 3 dias consecutivos de temperatura mais alta para ter melhor eficácia.

É preciso levar em consideração que outros fatores podem alterar a temperatura corporal além da ovulação, como por exemplo alguns processos inflamatórios e/ou infecciosos.

Também existe margem para erros, tendo em vista que é uma alteração sutil da temperatura, sendo difícil perceber esta mudança sem um termômetro preciso.

Avaliação do muco cervical

Este método se baseia no fato de o muco produzido pelas células do colo uterino mudar de característica ao longo do ciclo menstrual normal. 

Logo após a menstruação segue um período de 3 ou 4 dias sem secreções, seguido por 3 a 5 dias com secreção turva e pegajosa em pequena quantidade. A seguir a secreção se torna abundante, transparente, fluida e elástica por 3 a 4 dias – este é o muco cervical periovulatório. Depois segue um período de 11 a 14 dias sem secreções, quando deverá vir a próxima menstruação.

Neste método é necessário que você avalie as características da secreção vaginal diariamente, às vezes mais que uma vez ao dia, e anote em uma tabela. Dependendo da metodologia a ser seguida, você deve evitar coito desprotegido por 14 a 17 dias em cada ciclo menstrual.

A taxa de falha é de 3 a 23 a cada 100 mulheres por ano de uso.

Método sintotérmico

Associa medição da temperatura corpórea basal com avaliação das características do muco cervical.

A taxa de falha é de 2 a 20 a cada 100 mulheres por ano de uso.

Métodos de Barreira

Entre os métodos não hormonais, também estão disponíveis os métodos de barreira. São métodos reversíveis e devem ser utilizados imediatamente antes do intercurso sexual e removidos após o seu término. São considerados métodos de eficácia intermediária.

A camisinha masculina é o método de barreira mais conhecido, mas não podemos desconsiderar o diafragma e a camisinha feminina.

Diafragma

O uso de diafragma precisa ser avaliado na consulta ginecológica, tendo como objetivo escolher aquele que melhor se encaixa no corpo da mulher. Isso tendo em vista que existem vários tamanhos e tipos e o método só será eficiente se o tamanho do dispositivo estiver apropriado ao do colo uterino. 

Dra-juliana-ribeiro-ginecologista

A mulher deve inserir o diafragma na vagina antes de ter relações sexuais e remover o mesmo após 6 horas.

O uso concomitante de gel espermicida aumenta a eficácia do método. O dispositivo deve ser substituído após 2 anos de uso ou após parto ou processos de abortamentos. 

Infelizmente está cada dia mais difícil de encontrar, no Brasil, diafragmas ou espermicidas.

A taxa de falha é de 6 a 12 a cada 100 mulheres por ano, com uso de espermicida concomitante.

Camisinha

Dra-juliana-ribeiro-contracepcao-preservativo

A camisinha masculina é sem dúvidas um dos melhores métodos contraceptivos disponíveis atualmente, tendo em vista que além de contribuir para evitar a gravidez indesejada, também evita a contaminação por diferentes infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Fácil de usar, amplamente disponível, não hormonal. Além de não haver contraindicações ao uso, uma vez que pode ser feita por diferentes materiais, havendo opção para quem alergias.

Portanto, utilizar camisinha masculina é sempre indicado. Pode ser usada em conjunto com qualquer outro método contraceptivo, exceto a camisinha feminina.

Condons de látex não devem ser utilizada junto com lubrificantes à base de óleo, por aumentar a chance de ruptura do dispositivo.

Deve-se vestir o pênis ereto com a camisinha imediatamente antes da penetração vaginal e remover a mesma após a ejaculação, antes que o pênis perca a ereção.

A taxa de falha do condom masculino é 2 a 13 a cada 100 mulheres por ano.

 A camisinha feminina é menos utilizada no Brasil, apesar disso, é também um método de barreira eficaz para evitar a gravidez indesejada e transmissão de ISTs.

Ela não é indicada para mulheres virgens, tendo em vista que precisa ser inserida no canal vaginal antes da relação sexual, tal qual o diafragma.

A taxa de falha varia entre 5 e 21 a cada 100 mulheres por ano, um pouco mais alta que do preservativo masculino.

DIU de Cobre

O dispositivo de cobre é colocado no interior da cavidade uterina pela Ginecologista, e seu mecanismo de ação se baseia em tornar o ambiente uterino hostil para os espermatozóides e impedindo a implantação do embrião.

Pode ser colocado no próprio consultório da Ginecologista ou com anestesia no hospital. A presença de útero retroversofletido ou falha de tentativa de colocação anterior são indicações possíveis para colocação com anestesia. 

Efeitos adversos possíveis são: aumento da duração da menstruação e fluxo menstrual e cólicas menstruais. Também há relatos de migração do dispositivo após colocação, bem como expulsão do mesmo.

É recomendado seguimento após a colocação, a fim de  verificar se o dispositivo está no local correto, uma vez que para funcionar adequadamente o DIU deve estar centrado na cavidade uterina. Mais comumente esta avaliação é feita por ultrassonografia pélvica.

Dependendo do modelo, a eficácia se mantém por 5 ou 10 anos, dentre os tipos mais comumente utilizados.

As principais vantagens são: método extremamente eficaz, longa duração de ação, rápido retorno à fertilidade após sua retirada.

A taxa de falha é 0,5 a 0,8 a cada 100 mulheres por ano.

Para saber mais sobre o DIU não hormonal, clique aqui

Como Escolher?

Cada mulher se adapta melhor a um tipo de contracepção, por isso, é importante conhecer todos os métodos e escolher aquele que mais se adequa às suas expectativas e estilo de vida atual.

Uma conversa franca com sua Ginecologistas, levando em consideração suas preferências e particularidades de saúde vai guiar você à escolha do método correto!

Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

Compartilhe este conteúdo

Quero parar a menstruação
Por Dra Juliana Teixeira Ribeiro 16 mai., 2024
Você quer saber se é possível Parar a Menstruação? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e fala sobre o tema.
Probióticos para flora vaginal
Por Dra Juliana Teixeira Ribeiro 09 mai., 2024
Você quer saber se os Probióticos para Flora Vaginal funcionam e quando usar? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica.
Sofri violência sexual, o que fazer?
02 mai., 2024
Quer saber como proceder após sofrer uma Violência Sexual? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica.
Quero engravidar, como devo proceder?
Por Dra Juliana Teixeira Ribeiro 25 abr., 2024
“Quero Engravidar” quais passos devo dar? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista e Obstetra em São Paulo e fala sobre o tema!
Abscesso tubo-ovariano: saiba como identificar e tratar
16 abr., 2024
Você quer saber quais são os sintomas de um Abscesso Tubo-Ovariano? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
Você quer entender como funcionam os Métodos de Reprodução Assistida? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecol
04 abr., 2024
Você quer entender como funcionam os Métodos de Reprodução Assistida? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
Planejamento familiar: qual o momento certo para engravidar?
28 mar., 2024
Você quer saber o que é preciso considerar ao realizar o Planejamento Familiar? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
Extração de tubas uterinas: quando é necessária?
21 mar., 2024
Você quer saber quando a Extração de Tubas Uterinas é indicada e como é feita? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
Fio do DIU entrou no útero, e agora?
14 mar., 2024
Quer saber o que fazer caso o Fio do DIU entre no útero? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e fala sobre o tema!
Curetagem uterina: quando é necessária e quais são os riscos?
07 mar., 2024
Quer saber quando é preciso fazer a Curetagem Uterina e se há riscos no procedimento? Dra. Juliana Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
Mais Posts
Share by: