A obesidade feminina e os impactos na saúde ginecológica

admin • 3 de maio de 2021
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Estar atento à obesidade feminina é essencial, visto os malefícios que ela pode causar para a fertilidade e a saúde da mulher.

A obesidade é uma doença na qual a pessoa sofre um acúmulo de gordura no corpo causado, principalmente, pelo consumo de calorias na alimentação superior ao valor utilizado pelo organismo.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a obesidade é uma doença crônica e há alguns anos tem-se demonstrado se tratar de uma pandemia.

Para se ter uma ideia, no Brasil, cerca de 20% da população tem obesidade, sendo que este índice é mais alto entre as mulheres do que entre os homens.

Sabemos que a obesidade está relacionada a uma série de comorbidades. Exclusivamente nas mulheres em idade reprodutiva, pode causar danos relacionados à fertilidade, complicações na gestação e risco de desenvolvimento de alguns tipos de câncer ginecológicos.

Relação entre a obesidade feminina e a fertilidade

De acordo com a Febrasgo , a obesidade na mulher afeta sua fertilidade sendo que mulheres obesas têm três vezes mais chances de sofrer de infertilidade por anovulação (ausência de ovulação) do que aquelas com IMC normal.

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Apesar de já sabermos desta informação, ainda não existem conclusões definitivas sobre os mecanismos que fazem com que a obesidade interfira na concepção. 

Todavia, existem algumas explicações de como a obesidade feminina pode afetar a saúde da mulher e, consequentemente, sua capacidade de ter filhos.

Veja algumas teorias:

  • Inicialmente, o excesso de ácidos graxos livres pode gerar um efeito tóxico nos tecidos reprodutivos levando a um dano celular e um estado de inflamação crônica – entre as células afetadas, encontram-se as células reprodutivas, os óvulos.
  • Interferência com a produção de estrogênio e de progesterona, hormônios importantes na regulação do ciclo reprodutivo.
  • Alteração na capacidade de implantação do embrião no endométrio, caso ocorra a fecundação, reduzindo as chances deste embrião se desenvolver de forma saudável.
  • Mudança na vascularização do endométrio, podendo provocar anormalidades placentárias que geram maiores taxas de aborto, parto prematuro e pré-eclâmpsia na população obesa.

Dessa forma, fica evidente que os impactos da obesidade feminina na fertilidade vão muito além da não produção de óvulos ou da produção de óvulos com menor qualidade.

Ela afeta uma série de mecanismos importantes para que uma gestação se inicie e termine de maneira saudável.

Relação entre a obesidade e o câncer ginecológico 

Um outro ponto de atenção é a relação entre a obesidade e o câncer.

Atualmente, já sabemos que alguns tumores apresentam um risco maior de surgirem em mulheres portadoras de obesidade do que naquelas com IMC normal. Por exemplo, o câncer de mama, endométrio e ovário.

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Existem alguns mecanismos influenciados pela obesidade que estão diretamente relacionados ao câncer:

Processo inflamatório crônico: em uma pessoa com obesidade, o organismo está continuamente inflamado. Isso exige uma formação contínua de vascularização, que é essencial para o crescimento de um tumor.

Proliferação celular por meio da insulina: pessoas com obesidade têm maior resistência à insulina o que faz com que o corpo produza maior quantidade deste hormônio. Isso estimula o aumento da proliferação celular, que pode dar origem a um tumor.

Alteração nos hormônios sexuais:   as células de gordura em excesso podem levar a um aumento da quantidade de estrógeno circulante. Este hormônio, em excesso, está ligado ao aumento de incidência de tumores de mama e endométrio.

Má alimentação: em muitos casos, a obesidade está relacionada com a má alimentação. Alguns alimentos ricos em açúcar, gordura e conservantes são potenciais desencadeadores de câncer. Os alimentos ultraprocessados estão entre os principais vilões da saúde.

Como tratar a obesidade?

Diante das evidências do impacto da obesidade feminina na fertilidade e no aumento do risco de desenvolvimento de câncer, fica evidente a importância de combatê-la.  

No entanto, a obesidade é uma doença complexa que envolve muitos fatores, físicos e/ou mentais, e não costuma ser simples de lidar com esta questão.

Por isso, é essencial procurar ajuda médica e contar com uma equipe multidisciplinar para avaliar as causas e iniciar um tratamento adequado da doença.

Sabemos que a melhor forma de atuar é através de mudanças no estilo de vida, adotando uma dieta equilibrada e a prática de atividades físicas.

Inclusive, estudos demonstram que, independentemente da massa corpórea, pessoas que praticam exercícios apresentam risco mais baixo de desenvolver alguns tipos de câncer, como o de mama, por exemplo.

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Todavia, devemos lembrar que, dependendo do quadro clínico de cada paciente, pode ser necessário o uso de medicamentos ou da realização da cirurgia bariátrica para combater a obesidade.

Assim como o tratamento de diabetes ou hipertensão, o tratamento da obesidade deve ser de longa duração, uma vez que esta também é uma doença crônica.

Então, não se deixe para trás. Não se trata de apenas começar uma dieta nova, mas de dar início a um novo capítulo na sua vida.

Sua Ginecologista poderá te ajudar com esta questão e, se necessário, te encaminhará para os profissionais mais adequados para ajudar com o seu caso.

Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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