Descobri um pólipo no útero: o que fazer?

admin • fev. 22, 2021
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Se você recebeu recentemente um diagnóstico de pólipo no útero, fique tranquila. Na grande maioria das vezes, eles são alterações benignas com pequeno potencial de malignização. 

Pólipos uterinos são projeções da camada mais interna do útero, acima de sua superfície, sendo formados pelos mesmos tipos de célula, porém com um crescimento exagerado.

Eles podem ser conectados ao endométrio normal por uma base larga, sendo chamados de sésseis ou base estreita, semelhante a um pêndulo, os pólipos pediculados. 

Podem ocorrer em diferentes partes do órgão e recebem classificações distintas conforme sua localização e ter desde poucos milímetros a alguns centímetros de tamanho.

De onde surgem os pólipos?

As causas para ocorrência dos pólipos não são totalmente conhecidas e admite-se que haja vários fatores envolvidos no seu surgimento. 

Dentre eles, podemos citar:

  • Hiperplasia endometrial;
  • Aumento da ação da enzima aromatase presente no endométrio;
  • Mutações genéticas;
  • Alterações hormonais – maior ação do estrogênio no endométrio, não contrabalanceada pela progesterona. 

Normalmente os pólipos são mais frequentes com o aumento da idade (após a menopausa), mas podem ser encontrados também em mulheres jovens.

O uso de tamoxifeno (medicamento utilizado no tratamento do câncer de mama), obesidade, síndrome dos ovários policísticos, síndrome metabólica e síndrome de Lynch são condições associadas a uma maior chance do surgimento de pólipos.

Quais são os tipos de pólipos mais comuns

Os dois tipos principais de pólipos uterinos são os endometriais e os endocervicais.

Os pólipos endometriais são aqueles que se desenvolvem na parede interna do útero, na região do endométrio. Este tipo só pode ser identificado em exames de imagem.

Já os pólipos endocervicais localizam-se no canal cervical, que compõe o colo do útero, podendo inclusive ser visualizados durante a coleta do papanicolau ou realização de colposcopia.

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O que o pólipo pode causar?

Em boa parte dos casos, os pólipos são assintomáticos, sendo encontrados ao acaso quando realizamos exames de rotina ou em investigação de infertilidade, por exemplo.

Quando causam sintomas, o principal é o sangramento uterino anormal, que pode se manifestar como: 

  • Irregularidade no período menstrual;
  • Sangramento menstrual abundante;
  • Sangramento entre as menstruações;
  • Sangramento após as relações sexuais;
  • Sangramento após a menopausa.

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Apesar de poder ser encontrado em mulheres com problemas para engravidar, é pouco provável que o pólipo isoladamente seja a causa da infertilidade.

Também não parece haver relação entre a presença de pólipos uterinos e complicações da gravidez.

O pólipo pode causar câncer?

Os pólipos, na grande maioria dos casos, são lesões benignas e assim permanecem.

Para se ter uma ideia, a frequência de malignidade associada aos pólipos varia de 0,59 a 3,2% , podendo chegar até 5%, sendo maior conforme a idade da paciente é mais avançada.

Pólipos grandes (acima de 1,5 cm) também foram mais associados à malignidade que pólipos pequenos em alguns estudos, mas isso ainda não é um consenso na literatura.

O uso de tamoxifeno foi associado a maior risco de transformação maligna em pólipos uterinos.

Por isso, dependendo do caso, podemos optar por apenas acompanhar ou indicar a retirada dos pólipos.

Como saber se eu tenho pólipo do útero?

Se você não tem nenhum sintoma, o mais provável é que não tenha nada.

Quando temos um pólipo endocervical, ele pode ser identificado em um exame físico na consulta rotineira com a Ginecologista, quando for examinar a vagina e o colo do útero ou colher o papanicolau.

Caso a queixa da mulher seja sangramento anormal e não houver pólipo visível ao exame físico e nem sugestão da causa possível pela história clínica ou exame físico, será necessário realizar alguns exames a fim de definir o motivo do problema, que pode ser um pólipo endometrial.

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Normalmente, solicitamos a realização da ultrassonografia transvaginal para fazer uma triagem inicial das possíveis doenças do útero. A partir dele, verificamos se há necessidade ou não de exames adicionais.

Um dos exames que podemos solicitar é a histerossonografia , um ultrassom mais específico que utiliza um líquido para dilatar o útero e permitir a avaliação da cavidade interna do órgão. Este exame fornece uma melhor visualização em comparação ao ultrassom transvaginal, permitindo um diagnóstico mais preciso das alterações do endométrio..

A histeroscopia diagnóstica é outro exame que pode ser útil, uma vez que permite identificar alterações existentes dentro do útero. Tem a vantagem de permitir a realização de biópsia de possíveis lesões sob visão direta. Para saber mais sobre a histeroscopia, clique aqui 

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Se preferir, você pode também assistir aos vídeos que fiz sobre esse assunto:

https://bit.ly/3bbeN5B

https://bit.ly/3rV5PjJ

Já a histerossalpingografia é uma espécie de raio x com contraste do útero e das trompas no qual podemos observar o interior dessas estruturas e verificar se existe alguma alteração. Normalmente, solicitamos este exame em casos de infertilidade, pois ele permite a visualização de todo sistema reprodutor. Os pólipos “aparecem” como falhas de enchimento do útero.

O que fazer com os pólipos?

Uma vez diagnosticadas, essas lesões devem ser sempre acompanhadas. Algumas podem regredir, outras podem aumentar de tamanho e podem até surgir mais lesões ao longo do tempo.

O tratamento dos pólipos irá variar conforme cada caso, uma vez que algumas mulheres podem ter maior ou menor risco de transformação maligna.

A decisão sobre a terapia mais indicada irá levar alguns fatores em consideração, por exemplo:

  • Existência ou não de sintomas, por exemplo o sangramento anormal e a infertilidade;
  • Período reprodutivo no qual a mulher se encontra (menopausa ou idade reprodutiva);
  • Uso de medicamentos da paciente, como a reposição hormonal ou uso do tamoxifeno.

Os casos que apresentam sintomas, de modo geral, irão requerer tratamento. A polipectomia – retirada dos pólipos – é o tratamento de escolha.

Já nos casos em que não há nenhuma queixa e os pólipos são encontrados por acaso, a escolha sobre retirá-los ou não irá depender do risco de malignidade naquela mulher ou da necessidade de tratamentos para infertilidade.

No geral, em mulheres na menopausa, independente da presença de sintomas, será indicado tratar os pólipos, pois nessa população o risco de câncer é maior (por conta da idade).

Outros casos assintomáticos em que a polipectomia pode ser indicada:

  • múltiplos pólipos
  • lesões acima de 1,5cm
  • uso de tamoxifeno
  • obesidade
  • anovulação crônica

A retirada dos pólipos é feita por histeroscopia cirúrgica, um procedimento no qual inserimos uma microcâmera acoplada a instrumentos dentro do útero, entrando pela vagina. Para saber mais sobre histeroscopia cirúrgica, clique aqui .

Na grande maioria dos casos, esse procedimento costuma ser muito eficaz e a remoção dos pólipos gera uma melhora dos sintomas em 75 a 100% dos casos. 

Apesar de os dados serem inconsistentes, a polipectomia também é realizada em mulheres tentando engravidar, na tentativa de aumentar as taxas de sucesso dos tratamentos de reprodução assistida.

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Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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