Entenda o pré-natal de alto risco

admin • 12 de abril de 2021
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Ao identificar uma gestação de alto risco, a execução do pré-natal de alto risco será essencial e poderá fazer toda diferença na vida da mãe e do bebe. 

Durante a gravidez, as consultas de pré-natal são essenciais para prevenir ou diagnosticar precocemente doenças da mãe e do neném.

Este momento é extremamente importante para todas as gestantes. No entanto, é ainda mais essencial para algumas mulheres que possuem doenças que podem se agravar durante a gestação ou que venham a desenvolver problemas nesse período.

Diante de uma gestação de alto risco, ou seja, uma gravidez que oferece riscos adicionais para a vida da mãe e do neném, a gestante deverá ter um acompanhamento pré natal de alto risco também, o que significa consultas mais frequentes e, provavelmente, realização de mais exames.

É válido frisar que grande parte das complicações que ocorrem durante a gravidez, parto e puerpério podem ser prevenidas ou tratadas com a devida ação dos profissionais da saúde.

Dessa forma, podemos atuar para possibilitar um desenvolvimento saudável do bebê e reduzir os riscos para a mulher.

Quais as situações transformam o pré-natal em alto risco?

Existem diversos fatores que podem gerar um risco gestacional, sendo que alguns podem existir ainda antes da ocorrência da gravidez.

No entanto, outros fatores podem surgir depois que a gestação já iniciou e, em ambos os casos, a pronta atuação da equipe pré natal será essencial.

De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia ( Febrasgo ), os marcadores e fatores de risco gestacionais presentes anteriormente à gestação se dividem em:

Características individuais e condições sociodemográficas desfavoráveis: 

  • Idade maior que 35 anos;
  • Idade menor que 15 anos ou menarca há menos de 2 anos*;
  • Altura menor que 1,45m;
  • Peso pré-gestacional menor que 45kg e maior que 75 kg (IMC<19 e IMC>30);
  • Anormalidades estruturais nos órgãos reprodutivos;
  • Situação conjugal insegura;
  • Conflitos familiares;
  • Baixa escolaridade;
  • Condições ambientais desfavoráveis;
  • Dependência de drogas lícitas ou ilícitas;
  • Hábitos de vida – fumo e álcool;
  • Exposição a riscos ocupacionais: esforço físico, carga horária, rotatividade de horário, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos nocivos, estresse.

História reprodutiva anterior: 

  • Abortamento habitual;
  • Morte perinatal explicada e inexplicada;
  • História de recém-nascido com crescimento restrito ou malformado;
  • Parto pré-termo anterior;
  • Infertilidade;
  • Intervalo entre os partos menor que dois anos ou maior que cinco anos;
  • Nenhuma gravidez anterior (nuliparidade);
  • Muitas gestações anteriores (multiparidade);
  • Síndrome hemorrágica ou hipertensiva;
  • Diabetes gestacional;
  • Cirurgia uterina anterior (incluindo duas ou mais cesáreas anteriores).

Condições clínicas preexistentes: 

  • Hipertensão arterial;
  • Cardiopatias;
  • Pneumopatias;
  • Nefropatias;
  • Endocrinopatias (principalmente diabetes e tireoidopatias);
  • Hemopatias;
  • Epilepsia;
  • Doenças infecciosas (considerar a situação epidemiológica local);
  • Doenças autoimunes;
  • Ginecopatias;
  • Neoplasias.

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Além destes fatores pré existentes na mulher, existem aqueles que podem surgir no decorrer da gestação:

Exposição indevida ou acidental a fatores teratogênicos. 

Doença obstétrica na gravidez atual:

Intercorrências clínicas: 

  • Doenças infectocontagiosas vividas durante a presente gestação (Infecção urinária, doenças do trato respiratório, rubéola, toxoplasmose etc.);
  • Doenças clínicas diagnosticadas pela primeira vez nessa gestação (cardiopatias, endocrinopatias).

Nem todos os fatores citados irão demandar cuidados intensivos desde o começo, mas certamente irão ligar o botão de alerta da equipe que te acompanha. 

Para quem tem condições prévias desfavoráveis, sejam sócio-econômicas ou médicas, tem ainda mais necessidade de iniciar o acompanhamento antes de engravidar .

Durante o pré natal, a médica Obstetra estará atenta à existência desses fatores de riscos e deverá ser capaz de diagnosticá-los dinamicamente.

Isso porque, dessa maneira, ela poderá determinar o momento em que a gestante necessitará de assistência especializada e/ou de consultas com outros profissionais, bem como inserir os tratamentos necessários, indicar repouso hospitalar ou mesmo orientar antecipação do parto.

Como são as consultas pré-natal de alto risco 

O intervalo das consultas pré-natal serão definidas pela Obstetra conforme o fator de risco identificado e a condição de saúde da mãe e do neném.

Essas consultas são essenciais para avaliar a evolução do quadro e, quando necessário, atuar de modo a evitar um resultado desfavorável.

Nestas consultas, faremos uma avaliação clínica e obstétrica completa, às vezes serão solicitados exames de imagem ou laboratoriais, de modo a examinar as condições de saúde da mãe e do bebe e os possíveis agravos do quadro da paciente.

A avaliação obstétrica consiste no acompanhamento da evolução da gravidez com análise dos parâmetros obstétricos: ganho de peso, pressão arterial, batimentos cardíacos do bebê e crescimento uterino.

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Neste ponto, avaliar o crescimento e as condições de vitalidade e maturidade do feto são fundamentais.

Outro ponto essencial a ser considerado é a repercussão da gravidez sobre as condições clínicas da gestante .

Ou seja, buscaremos avaliar como está a adaptação do organismo da mãe à gestação e quais os possíveis agravos.

Além de todas estas avaliações, durante o pré-natal de alto risco será preciso executar uma série de exames para avaliar o quadro clínico da mãe e do neném.

Estes exames podem variar conforme a causa de risco, mas podemos citar como principais:

  • Exame de sangue para avaliar, por exemplo, a dosagem de hormônios da tireoide, os níveis de açúcar no sangue, o tipo sanguíneo da gestante, pesquisa de trombofilias;
  • Exame de urina para avaliar a existência de Infecções do Trato Urinário;
  • Ultrassonografia seriada;
  • Dopplerfluxometria;
  • Perfil biofísico fetal;
  • Ecocardiografia fetal;
  • Análises da secreção vaginal para avaliar, por exemplo, infeção pela bactéria estreptococo do grupo B ou a chance de nascimento prematuro.

Em alguns casos, pode ser necessário repouso absoluto ou até a internação da gestante de modo a possibilitar um acompanhamento mais intenso.

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Além disso, devemos lembrar que uma gestação que está se desenvolvendo bem pode se tornar de risco a qualquer momento.

Dessa maneira, será preciso reclassificar o risco a cada consulta pré natal e também durante o trabalho de parto.

Como devem nascer os bebês em uma gestação de alto risco

A indicação da via de parto e o momento ideal para tal é ainda um grande desafio vivido pela obstetra.

Isso porque, não temos uma resposta exata para essa questão e a decisão deve ser tomada de acordo com cada caso.

Todavia, devemos lembrar que uma gravidez de risco não implica necessariamente em uma cesariana.

Diversas são as situações nas quais é possível ter um parto vaginal, seja ele induzido ou espontâneo.

Assim, caberá a você e sua equipe definirem a melhor via de parto, bem como o melhor momento para isso.

Diversos serão os critérios utilizados para esta indicação, por exemplo:

  • Estado de bem estar fetal (exames de Vitalidade fetal);
  • Idade gestacional;
  • Crescimento fetal – peso do bebê;
  • Doenças maternas atuais e complicações;
  • Tipo de placenta;
  • Gestação única ou múltipla, etc.

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Será importante também levar em consideração o estado emocional da mãe. Assim, devemos avaliar se existem fatores psíquicos preexistentes e atuais.

Normalmente, uma gestação de alto risco gera ansiedade de forma crescente e dificuldades de adaptação emocional.

Neste momento, a mãe pode experimentar baixa autoestima e sentimento de impotência, principalmente se a hospitalização for necessária. 

Desta forma, todas estas questões deverão ser levadas em consideração pela obstetra e toda equipe responsável pelos cuidados com a gestante.

Além disso, será essencial manter a gestante e sua família informadas do quadro clínico da mãe e do neném, de todos os riscos associados, bem como de suas possíveis escolhas.

Após uma gravidez de alto risco, os cuidados geralmente serão mantidos nas primeiras semanas após o parto. O período do puerpério também exigirá atenção e podem ser necessárias mais consultas com a obstetra e pediatra do que ocorreria em uma situação normal.

Em resumo…

Como vimos, a gravidez de alto risco pode ocorrer por problemas de saúde que a mulher tinha antes da concepção, ou podem se devolver durante a gestação.

Ao identificar uma gestação de alto risco, será essencial contar com uma equipe médica especializada em Alto Risco e de confiança, para te dar as orientações e apoio que você e sua família necessitam neste momento.

Então, caso você seja gestante, não deixe de fazer o pré-natal e siga todas as orientações de sua obstetra.

Além disso, esteja atenta aos sinais do seu corpo e, em caso de necessidade, procure ajuda médica o mais rápido possível.  

Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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