Avaliação Pré Concepcional

admin • fev. 08, 2020
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Todos os casais que pretendem engravidar no período de até um ano deveriam passar por uma avaliação médica.

O objetivo dessa avaliação seria promover um ambiente pessoal e familiar saudável, identificar situações de risco, orientar o casal sobre eles e introduzir medidas capazes de reduzir esses riscos, a fim de obter o melhor desfecho durante a gravidez para a mãe e feto e após o parto.

Algumas intervenções podem levar tempo para obter o melhor resultado, por isso a avaliação deve ser feita com esse longo período antes de tentar engravidar.

Alguns dos principais pontos a ser abordados na consulta:

  • Influência da idade na fertilidade e sobre a gravidez;
  • Orientação sobre início precoce do pré natal para datar a gravidez apropriadamente;
  • Investigar e tratar possíveis doenças crônicas que podem afetar ou ser afetadas negativamente pela gravidez, como: hipertensão arterial, diabetes mellitus, alterações tireoidianas, obesidade, doença renal crônica, depressão ou outros transtornos psiquiátricos, etc;
  • Revisar medicamentos e suplementos em uso, inclusive fitoterápicos, ajustando aqueles que precisam ser ajustados e/ou substituir os que podem causar malformações fetais;
  • Rastreio genético para os casais de alto risco ou histórico familiar de doenças genéticas, tais como: antecedente de malformação fetal ou síndrome genética na família ou no próprio casal, fibrose cística, hemoglobinopatias, alterações de coagulação hereditárias, síndromes genéticas associadas ao surgimento de cânceres, etc;
  • Checar estado vacinal – algumas vacinas devem ser tomadas até 30 dias antes da concepção, então o ideal seria toma-las antes de começar as tentativas de engravidar propriamente ditas;
  • Rastreio e tratamento de doenças infecciosas sexualmente transmissíveis ou não;
  • Orientações sobre prevenção de doenças transmitidas por mosquitos, como Zika ou febre amarela, que podem ocasionar alterações fetais ou ser mais graves durante a gestação, colocando a mãe em risco;
  • Avaliação do uso de entorpecentes, como álcool, nicotina, narguilé, maconha, opióides ou abuso de substâncias – todos com repercussão negativa sobre a gestação;
  • Rastreio de situação de violência doméstica;
  • Avaliação de riscos ambientais – exemplo: exposição a substancias químicas, contato com animais, jardinagem, exposição a agentes infecciosos, etc;
  • Suplementação de ácido fólico pré gestacional a fim de reduzir o risco de defeitos de fechamento do tubo neural, tais como acrania/ anencefalia/ espinha bífida;
  • Avaliação do estado nutricional e adequação de peso, a fim de obter um índice de massa corpórea normal antes da gestação;
  • Estímulo à prática de exercícios físicos e orientação sobre sua manutenção durante a gravidez.

Como todos esses fatores são analisados?

A maior e mais importante parte da avaliação pré concepcional é a anamnese – uma história clínica detalhada dos antecedentes pessoais, familiares e reprodutivos do casal.

Em seguida deve ser realizado um exame físico e ginecológico completo – no caso de avaliação de casais heterossexuais, esta parte o parceiro deve realizar em consulta com urologista.

A partir daí podem ser solicitados exames complementares – coleta de papanicolau, exames laboratoriais (coletas de sangue, urina e/ou fezes), imagem (ultrassonografias, tomografia e/ou ressonância magnética) ou funcionais (ex.: espirometria ou provas de função pulmonar em pacientes tabagistas ou com asma).

Como reduzir os riscos?

A maior parte dos casais vai requerer apenas orientações sobre estilo de vida saudável, avaliação de saúde bucal, atualização das imunizações e uso de suplemento vitamínico – ácido fólico. 

Outras intervenções podem ser feitas a depender dos achados de cada casal. Em alguns casos, podem inclusive ser orientados medidas contraceptivas enquanto se consegue otimização das condições clínicas.

Para as pessoas com doenças crônicas a avaliação e acompanhamento conjunto com outros especialistas é fundamental, pois o objetivo aqui é fazer a preparação para a gestação com a melhor otimização da doença de base possível. Exemplos : Hipertensão e/ou doença cardíaca prévia acompanham junto com cardiologista, diabetes e/ou doença tireoidianas com endocrinologista, etc.

Para os casais em que foi detectado alguma alteração genética, deve ser orientado aconselhamento com geneticista para melhor esclarecimento sobre a doença, possibilidades de acometimento fetal e opções para diagnóstico pré gestacional ou logo no início da gestação nos descendentes.

Outras considerações

O intervalo de tempo entre coitos que está associado a maior taxa de gravidez é a cada dois dias, aproximadamente.

Existe no mercado kits de avaliação e aplicativos ”preditores” de ovulação/ fertilidade para uso domestico. Até o momento não existem estudos publicados que garantam sua eficácia.

No entanto, um controle adequado de ciclos menstruais pode ser útil na previsão de período fértil e direcionamento para o coito nessas datas.

  • Casais que nunca tiveram filhos e a mulher tem mais de 35 anos devem ser avaliados para possíveis causas de infertilidade após 6 meses de tentativas sem conseguir gestação. Se a mulher tem menos de 35 anos, pode-se aguardar um ano de tentativas.
  • Casais que já tiveram filhos e desejam ter mais devem ser orientados a aguardar o tempo ideal entre as gestações de 18 meses e no mínimo 6 meses.
  • Casais com histórico de abortamento de repetição , gestação de alto risco com desfecho desfavorável ou óbito fetal intrauterino devem passar por avaliação específica.

Mulheres convivendo com HIV devem iniciar tratamento antirretroviral (TARV) apropriado antes da gestação e, idealmente, ter carga viral negativada. O uso de TARV na gravidez e peri-parto, associada com inibição de amamentação são terapias eficazes em reduzir o risco de transmissão do vírus aos descendentes.

Em casais sorodiscordantes para HIV deve ser feita orientação sobre formas seguras de engravidar minimizando o risco de transmissão do vírus para o(a) parceiro(a) e sobre o uso de profilaxia preexposição (PrEP).

Dito tudo isso, fica a pergunta : você está pensando em engravidar? Marque uma consulta com sua ginecologista !

Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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