A endometriose é uma das principais causas de dor crônica em mulheres, levando a grande limitação na qualidade de vida, com possível impacto na fertilidade (capacidade reprodutiva).
Podendo ser confundida com uma série de outros problemas, essa condição não escolhe idade, etnia, cultura ou personalidade para acometer. Ela pode surgir precocemente na vida reprodutiva, mas pode levar até dez (isso mesmo, dez!!) anos para ser diagnosticada.
A endometriose ocorre em mulheres entre 13 e 45 anos, sendo seu diagnóstico feito, em média, aos 30 anos.
Além de infertilidade, essa doença pode causar uma série de problemas para a mulher, como dor crônica, dor na menstruação (dismenorréia) e dor às relações sexuais (dispareunia).
Se você tem esses sintomas, vale a pena saber mais sobre endometriose.
A endometriose se caracteriza pela presença de endométrio (camada mais interna do útero) em locais do corpo em que ele não deveria estar, como o abdômen, por exemplo. Ele também pode se instalar na bexiga, nas trompas, nos ovários e nos intestinos. Mais raramente, pode estar presente no diafragma, pulmão e há relatos inclusive de endometriose no sistema nervoso central (cérebro).
A mudança do endométrio é normal nas mulheres ao longo do mês. De forma geral e simplificada, sob influência hormonal, o endométrio se espessa a fim de permitir a implantação do óvulo fecundado.
Porém, quando isso não ocorre, ele se descama e é expelido pela menstruação. A maior parte do sangue é exteriorizada pela vagina, mas uma pequena parte reflui pelas tubas uterinas em direção à cavidade pélvica, fenômeno descrito como menstruação retrógrada. Como esse processo é cíclico, dá-se a ele o nome de ciclo menstrual.
Ao passo que praticamente todas as mulheres apresentam menstruação retrógrada, somente 10% terá endometriose. Portanto a teoria da menstruação retrógrada não é capaz de explicar completamente a existência da doença.
A verdade é que essa resposta ainda não foi completamente encontrada, ainda que muitas teorias tenham sido feitas em torno dessa condição.
Porém, percebe-se com maior frequência uma tendência genética nos quadros diagnosticados. Isso acontece uma vez que a presença da doença se mostra mais comum em mulheres cuja mãe ou irmãs também sofram com o problema.
Além da menstruação retrógrada, há teorias genéticas e imunológicas para explicar porque na maioria das mulheres este sangue com células endometriais que chega à pelve é simplesmente reabsorvido, e nas mulheres com endometriose essas células se implantam e se multiplicam sob influência hormonal. Levando ao surgimento de lesões no peritônio, na bexiga, nas paredes do assoalho pélvico, nos ureteres, etc.
Sob influência dos hormônios o endométrio presente nestas lesões prolifera e invade as estruturas próximas. Esses fenômenos coexistem com o surgimento de células e moléculas inflamatórias no líquido peritoneal, perpetuando uma inflamação crônica que será responsável pelos sintomas da doença.
Grande parte das mulheres pode ter cólicas menstruais, e isso não necessariamente quer dizer que elas têm endometriose. Caso os seguintes sintomas estejam presentes, principalmente em conjunto, sugiro que procure avaliação com Ginecologista:
Como é possível perceber, muitos dos sintomas observados por mulheres que sofrem com a endometriose podem ser vistos em outras doenças, tais como:
Diante de uma mulher com quadro clínico sugestivo, partimos em busca de exames para confirmar a hipótese diagnóstica de endometriose.
O método diagnóstico padrão ouro para confirmar a doença é o resultado anátomo patológico de material coletado durante videolaparoscopia. No entanto, há diversas outras formas de fazer o diagnóstico da doença, com boa confiabilidade. Dentre as principais maneiras pode-se citar:
Em grande parte dos casos chegaremos ao diagnóstico de endometriose, ou de alguma outra condição que seja responsável pelos sintomas. A partir daí, é planejado o tratamento.
É importante esclarecer que em endometriose nem sempre há uma correlação direta entre o quadro apresentado pela paciente e a quantidade de lesões encontradas nos exames. Há mulheres com muitas lesões e poucos sintomas e também o contrário.
É possível viver com a endometriose. Porém, para isso, é preciso que ela seja detectada e tratada!
O tratamento da doença pode ser cirúrgico, medicamentoso ou integrado.
Grande parte das mulheres ficará sem sintomas com tratamento farmacológico. Entre as drogas utilizadas podemos citar:
O tratamento cirúrgico é indicado em algumas situações:
Importante também é lembrar que endometriose é uma doença crônica, e que uma vez optado pelo tratamento cirúrgico, devem ser removidas todas as lesões, para minimizar o risco de retorno na doença. Quando a remoção não é completa, a chance de manutenção dos sintomas ou rápido retorno dos mesmo é bastante alta.
Além disso, devido potencial de limitação e impacto na qualidade de vida, é importante associar outras modalidades de tratamento, tais como: fisioterapia pélvica, acompanhamento com especialista em dor, psicoterapia, acupuntura, mindfullness.
Pacientes com endometriose e infertilidade devem ser acompanhadas e avaliadas em conjunto com equipe especializada em técnicas de reprodução assistida, a fim de definir a melhor estratégia de tratamento.
Com a terapêutica adequada é possível ter uma boa melhora dos sintomas e da qualidade de vida!
O post Entenda Mais Sobre A Endometriose apareceu primeiro em Dra Juliana Teixeira Ribeiro.
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