Doutora, tem uma bola na minha vulva! Cisto de Bartholin – você sabe o que é?

admin • 23 de agosto de 2021
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Você já ouviu falar nas glândulas de Bartholin? Elas são pequenas glândulas responsáveis pela produção da lubrificação nas mulheres e ficam localizadas na vulva, perto da abertura da vagina.

No dia a dia não as sentimos, pois elas são pequenas e ficam dentro da pele. No entanto, pode ocorrer um bloqueio dos dutos que liberam o muco que elas produzem e, nestes casos, haverá a formação de um cisto, chamado Cisto de Bartholin.  

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Se você nunca tinha ouvido falar neste problema, saiba que cerca de 2 ou 3 mulheres a cada 100 poderão desenvolver este cisto ao longo da vida.

Por que o cisto de Bartholin se forma?

Como dissemos, os cistos de Bartholin se formam pelo acúmulo do líquido no interior da glândula de Bartholin devido ao bloqueio dos ductos pelos quais ele escoaria.

Apesar das causas desta obstrução não serem totalmente conhecidas, normalmente isso ocorre devido uma lesão ou infecção dos ductos.

No geral, a formação de um cisto pode ser imperceptível ou não causar grandes desconfortos para a mulher. Além disso, pode ocorrer deles regredirem naturalmente, quando o ducto se “desentope” sozinho.

No entanto, o cisto pode acabar crescendo muito, inflamar ou até infeccionar e, nestes casos, causará dor e incômodo.

O que é a Bartholinite?

Quando o cisto de Bartholin infecciona, ele forma um abscesso similar a um furúnculo.

Normalmente, a infecção é causada pelas próprias bactérias presentes na flora vaginal, principalmente a Escherichia coli ou  a  Staphylococcus.

Nesta situação, estaremos diante de um quadro de Bartholinite, que causa muitos incômodos para paciente:

  • Febre;
  • Dor;
  • Queimação;
  • Inchaço;
  • Secreção amarelada e mal cheirosa.

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Além disso, dependendo do tamanho que o abcesso tem, a vulva poderá ficar com importantes alterações em sua forma.

Em mulheres com abscesso de Bartholin não tratado, especialmente quando há deficiência imunológica, pode haver complicações sérias, como:

  • Formação de abscessos perianais;
  • Fístulas (comunicações anormais) entre o abscesso de Bartholin e o ânus;
  • Síndrome de Fournier (infecção com necrose e destruição local na região perineal); 
  • Sepse (infecção generalizada);
  • e até mesmo óbito.

Pode ocorrer também da mulher ter o que chamamos de Bartholinite de repetição, ou seja, a Bartholinite irá ocorrer diversas vezes ao longo da vida, mesmo após o tratamento inicial correto.

Normalmente, isso acontece em períodos em que ela está com a imunidade baixa, como próximo ao período menstrual.

Além disso, esta condição pode ser comum em mulheres imunodeprimidas, como por exemplo, as que possuem diabetes ou alguma doença autoimune.

Como tratar estas condições?

Existem algumas opções de tratamento para o cisto de Bartholin e a Bartholinite e isso vai variar conforme cada caso.

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De acordo com um estudo publicado no International Journal of College of Obstetrics and Gynaecology , ainda hoje existe uma incerteza considerável em relação a qual o melhor tratamento para estas condições.

Vamos falar sobre os principais procedimentos para estes casos:

Drenagem e uso de antibióticos

Caso o cisto esteja inflamado e infeccionado, podemos fazer sua drenagem em consultório.

Para tal, damos uma anestesia local e fazemos uma pequena incisão no local para drenar, ou seja, retirar todo o líquido acumulado.

Além disso, receitamos o uso de antibiótico para controlar a infecção e podemos indicar também a realização de banhos de assento para ajudar na recuperação e controle dos sintomas.

Marsupialização

Este procedimento consiste na execução de uma abertura permanente no cisto de modo que ele drene o líquido acumulado sempre que necessário.

Esta técnica pode ser útil para os casos de mulheres que têm a Bartholinite recorrente, uma vez que já deixa o local preparado para evitar o novo acúmulo de líquido.

Bartholinectomia

Uma outra opção de tratamento, principalmente para casos recorrentes, é a retirada da glândula problemática.

No entanto, sua realização é indicada quando os outros métodos não foram eficazes.

É preciso destacar que, neste caso, a lubrificação da mulher não fica comprometida.

Isso porque, a vulva possui mais de uma glândula de Bartholin. Além disso, a lubrificação feminina não é proveniente somente destas glândulas, mas também das glândulas de Skene.

Temos um artigo que fala mais sobre a lubrificação feminina e você poderá ler clicando aqui.

Caso a mulher tenha infecções recorrentes, possivelmente o médico fará uma biópsia do local e encaminhará para análise. Isso porque, o câncer de vulva, em alguns casos, pode se apresentar de forma similar.

No entanto, na grande maioria das vezes, o cisto de Bartholin ou a Bartholinite não são condições graves, apesar de gerarem muitos incômodos.

O mais importante é procurar uma ginecologista assim que iniciar a sentir os sintomas.

Isso porque, quanto antes o tratamento iniciar, mais simples e eficaz ele será!

Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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