Mindfulness na Gestação

admin • 6 de setembro de 2019
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A prática de mindfulness na gestação pode trazer vários benefícios e tornar a experiência um momento especial.

Para quem não conhece, ou nunca ouviu falar, mindfulness , traduzido do inglês, significa atenção plena (ou ainda consciência plena), e consiste no estado mental que se caracteriza pela autorregulação da atenção para a experiência presente.

A característica da mindfulness é estar consciente momento a momento, consciente de qualquer coisa que você coloque a atenção. Manter a consciência dos sentimentos, dos pensamentos e das sensações do corpo, e principalmente, aceitá-las.

Em suma, mindfulness significa estar no momento, reconhecer o que se passa sem julgamentos.

Os benefícios de práticas baseadas em mindfulness 

O período gestacional, para muitas mulheres, é cheio de contradições, um verdadeiro paradoxo.

É uma sensação de felicidade por conta da chegada de um bebê na família, ao mesmo tempo que pode se sentir ansiosa, com medo e com diversas dúvidas em relação ao momento e o que acontecerá dali pra frente. Pode ser extremamente estressante e confuso.

Apesar de ser um momento único e especial, quase 20% das mulheres podem apresentar quadros de depressão durante a gravidez, e outras 20%, quadro de ansiedade severa. E ainda temos os desafios do puerpério – cansaço físico e mental, privação de sono, baby blues e depressão pós parto. E é exatamente nesse ponto que entram os benefícios da mindfulness na gestação .

Considerando o conceito mais amplo de saúde, como completo bem estar físico, mental e social, as práticas de atenção plena na gestação se apresentam como uma ótima alternativa para você cuidar de si mesma, em especial da saúde emocional e psicológica.

Apesar de ser uma prática antiga no contexto das religiões orientais, apenas nas últimas décadas estes conhecimentos foram trazidos à luz da ciência ocidental. De modo que são poucos os estudos que se concentram em avaliar técnicas baseadas em mindfulness no contexto do ciclo gravídico e puerperal. 

Temos ampla evidência que esse tipo de prática ajuda no controle de estresse, ansiedade, tratamento do abuso de substâncias. Há estudos neurofuncionais que evidenciam inclusive uma alteração na configuração cerebral dos indivíduos praticantes, mesmo após pouco tempo de início.  

A conscientização sobre os próprios pensamentos e sentimentos e uma percepção não julgadora do ambiente, pode ajudar com os desafios da gravidez. Além disso, pode ser útil na preparação para o parto e para desenvolvimento e manutenção de relações mais positivas em família (incluindo o bebê), e de você consigo mesma.

A prática de mindfulness contribui para manter um certo controle sobre qualquer situação, mesmo as mais inesperadas, agindo com coerência e bom senso, mantendo a serenidade mesmo se deparando com eventuais problemas.

Mindfulness e gestação

Alguns estudos europeus publicados nos últimos anos abordaram o uso de práticas baseadas em mindfulness e tiveram as seguintes conclusões:

  • Gestantes mais atentas tiveram menores taxas de percepção de estresse durante a gestação e após o parto;
  • Houveram mudanças adaptativas no sistema nervoso autonômico dessas mulheres, corroborando os achados anteriores;
  • Os recém nascidos dessas mulheres foram acompanhados até 4 meses de vida e foi observado que eles tiveram um melhor desenvolvimento social e emocional neste período; ( Braeken MA et al, 2017);
  • Possível efeito benéfico em sintomas de ansiedade, depressão, percepção de estresse e nível de atenção durante o período perinatal; ( Dhillon A et al, 2017)
  • Sentimento de gratidão foi associado com afeto positivo, sensação de satisfação com a vida e elevação mental/ espiritual durante a gravidez;
  • Práticas de mindfulness se correlacionaram com menor afeto negativo e sensação de incômodo durante a gravidez e com maior afeto positivo e sensação de elevação durante a gravidez;
  • Estes achados em conjunto nos chamam atenção para o potencial efeito benéfico dessas práticas durante o ciclo gravídico-puerperal; ( O’ Leary K et al, 2016).

São ainda poucos estudos, com poucas mulheres, então o nível de evidência científica não é o melhor possível. Mas juntando a robusta evidência de benefício fora do período gestacional, ausência de evidência de risco desse tipo de terapia e dado que estresse, ansiedade, depressão e baixa sensação de bem estar estão associadas com pior prognóstico materno e fetal, levando a complicações durante a gestação e aumentando o risco de baby blues e depressão pós parto,  é razoável incluir essas práticas no nosso arsenal terapêutico.

A prática de mindfulness na gestação entra na companhia de exercícios físicos regulares e de uma alimentação balanceada como ‘receitas’ indispensáveis para a manutenção da saúde e bem-estar da mamãe e do bebê.

Terapia integrativa e práticas complementares

As terapias integrativas são tratamentos que utilizam recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais, voltados para prevenir e ajudar a tratar diversas doenças. Há evidências científicas de eficácia das mesmas quando utilizadas em conjunto com o tratamento rotineiro. São modalidades que se somam, e não substituem umas às outras.

Além de mindfulness, várias outras modalidades também se encontram neste grupo de terapêuticas complementares aos tratamentos habituais. Entre elas, podemos citar: aromaterapia, cromoterapia, medicina ayurvédica, medicina antroposófica, fitoterapia, constelação familiar, yoga, medicina tradicional chinesa, etc.

A terapia integrativa é benéfica no combate ao estresse porque visa o auto-equilíbrio, proporcionando maior controle, e ainda, traz outros benefícios, tais como:

  • Melhora na autoestima;
  • Confiança no momento de agir e tomar decisão;
  • Capacidade de planejamento e otimização do tempo;
  • Estabilidade emocional;
  • Qualidade de vida;
  • Mais saúde;
  • Melhora nos relacionamentos;
  • Ampliação da consciência;

A terapia integrativa pode servir para que a pessoa faça uma auto-análise, obtendo respostas de modo efetivo em relação à afetividade, ao comportamento, à cognição e aos aspectos fisiológicos, fazendo parte de um processo para formar uma personalidade firme e coesa, atrelando as particularidades de cada um com aspectos não conscientes ou mal resolvidos.

Tende a ajudar, por exemplo, que as futuras mamães consigam lidar com situações, antes estressantes, com mais naturalidade e consciência.

Resumindo…

Saúde tem um conceito amplo, e para atingirmos um estado de saúde plena precisamos atingir um elevado nível de bem estar em todas as esferas: física, mental, social. Durante a gestação é ainda mais importante buscar esse estado de saúde, visto que pode desequilíbrios durante esta fase podem trazer repercussões para o feto mesmo após o parto.

Para encerrar, vamos resumir os possíveis benefícios de práticas baseadas em mindfulness durante a gestação :

  • Reduz a ansiedade, as preocupações e eventual depressão;
  • Aumenta e melhora o bem-estar;
  • Ajuda no combate e na prevenção do parto prematuro;
  • Minimiza a percepção de dor durante a gravidez e também na hora do parto;
  • Eleva o nível de paciência;
  • Melhora a qualidade do sono;
  • Ajuda no tratamento e prevenção da depressão pós parto;
  • Pode melhorar a satisfação sexual;
  • Possibilita à mamãe uma maior conexão e ligação com o bebê;
  • Possibilita que os bebês nasçam mais saudáveis.

Este é um tema ainda relativamente novo em práticas de saúde ocidental, mais novo ainda no que se refere ao seu uso durante a gestação. Além das práticas meditativas formais para controle de estresse, ansiedade e controle do uso de substâncias, existem várias outras práticas ditas informais, que podem ser inseridas no contexto de uma gestação saudável para ajudar a mulher a atravessar melhor este período.

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Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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