A apojadura, também conhecida como “descida do leite”, é um processo natural que marca o início da produção de leite materno nos primeiros dias após o parto, um momento importante, mas que pode gerar dúvidas e desconfortos para muitas mães.
A chegada do bebê marca o início de uma fase repleta de descobertas, e a amamentação é, sem dúvida, uma das experiências mais intensas desse período.
Assim, compreender o que é a apojadura, como ela acontece e o que esperar nos primeiros dias pode fazer toda a diferença para viver esse momento com mais tranquilidade e segurança.
Neste texto, vamos explicar como se dá esse processo natural, quais sensações podem surgir e quando é hora de buscar o apoio da obstetra.
Acompanhe!
O que é apojadura e por que ela é tão importante no início da amamentação?
A apojadura é o nome dado ao processo fisiológico da “descida” do leite materno.
Trata-se da transição do colostro, um líquido espesso e amarelado que a mulher produz logo após o parto, para o leite maduro, mais branco e fluido.
Aqui, é importante salientar que o colostro é rico em proteínas, anticorpos e fatores imunológicos, fundamental para proteger o recém-nascido contra infecções e ajudar na adaptação do sistema digestivo do bebê.
Embora a apojadura nos primeiros dias ainda não tenha ocorrido, o colostro é suficiente para nutrir o bebê nesse período inicial.
Portanto, é importante que as mães saibam que, mesmo sem a produção abundante de leite nos primeiros dias, o bebê está recebendo tudo o que precisa para começar a vida de forma saudável.
Ainda assim, a apojadura é bastante relevante, pois indica que o corpo da mulher está respondendo de forma adequada às mudanças hormonais do pós-parto e ao estímulo da mamada.
Ela sinaliza o início do fornecimento de leite em maior volume, o que ajuda a atender às necessidades nutricionais crescentes do recém-nascido.
Esse fenômeno é desencadeado por uma queda brusca nos níveis de progesterona após a saída da placenta, o que permite que a prolactina, hormônio responsável pela produção de leite, atue com mais intensidade nas glândulas mamárias.
Ao mesmo tempo, o hormônio ocitocina é liberado em resposta à sucção do bebê, favorecendo a ejeção do leite.
Isso favorece a produção contínua de leite e a manutenção do aleitamento exclusivo nos primeiros seis meses de vida, como recomendado pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em quanto tempo a apojadura ocorre? Quais sinais indicam o início da descida do leite materno?
Em geral, a descida do leite materno ocorre entre 48 e 72 horas após o parto, mas esse prazo pode se estender, especialmente em casos de cesárea, parto prematuro ou complicações pós-parto.
Os sinais que indicam que o corpo da mulher está iniciando a produção de leite em maior volume incluem:
- Mamas mais cheias, firmes e pesadas do que nos primeiros dias;
- Sensação de formigamento ou calor nos seios, especialmente durante a mamada;
- Saída de leite espontânea (vazamentos) entre as mamadas;
- Mudança na aparência do leite, que deixa de ser amarelado e espesso (colostro) e se torna mais branco e fluido;
- Bebê passando a engolir com mais frequência ao mamar, indicando maior fluxo de leite.
Lembramos que esses sinais variam de mulher para mulher e que a ausência de alguns deles não significa, necessariamente, que o leite não está descendo.
A apojadura é igual para todas as mulheres? É necessário algum estímulo?
A apojadura não é igual para todas as mulheres, pois pode variar em tempo, intensidade e sintomas relacionados.
É importante estar ciente que o processo de descida do leite depende não apenas das mudanças hormonais naturais que ocorrem após o nascimento do bebê, mas também de estímulos externos, principalmente a sucção do recém-nascido.
Embora a queda nos níveis de progesterona e o aumento da prolactina iniciem a produção de leite, a ejeção eficaz e a manutenção da produção dependem diretamente da demanda: quanto mais o bebê mama, mais leite o corpo tende a produzir.
Assim, o estímulo do contato pele a pele logo após o parto, a amamentação na primeira hora de vida e a livre demanda são estratégias que recomendamos para facilitar a apojadura e prevenir atrasos no processo.
No nosso site, temos um guia completo sobre amamentação, acesse para conhecer todas as dicas!

Por outro lado, mulheres que enfrentam estresse, dor, separação precoce do bebê ou uso de certos medicamentos podem ter a descida do leite retardada ou dificultada.
A descida do leite materno gera desconfortos?
Nos primeiros dias após o parto, é comum que a mulher experimente alguns desconfortos durante a apojadura, período em que o leite começa a ser produzido em maior volume.
Esse processo é natural, mas pode vir acompanhado de sensações físicas incômodas, especialmente se a amamentação ainda não estiver bem estabelecida.
Esses sintomas decorrem, principalmente, do aumento do fluxo sanguíneo nas mamas e do acúmulo de leite, que ainda está se ajustando à demanda do bebê.
Assim, os desconfortos mais comuns relatados pelas puérperas incluem:
- Sensação de mamas cheias, pesadas ou endurecidas;
- Calor ou vermelhidão local;
- Dor ou sensibilidade nos seios;
- Saída de leite em jatos ou gotejamento espontânea;
- Febre baixa passageira.
Contudo, é fundamental estar atenta a sinais que indicam possíveis complicações, como dor intensa, vermelhidão e febre persistente, endurecimento excessivo das mamas (ingurgitamento), fissuras nos mamilos ou presença de áreas doloridas que podem evoluir para mastite.
Ao identificar qualquer um desses alertas, é importante buscar orientação profissional o quanto antes para evitar agravamentos e garantir uma amamentação mais tranquila e saudável.
Quando é a hora de buscar a ajuda da obstetra?
Apesar dos incômodos da descida do leite serem comuns, é importante reconhecer quando esses sinais ultrapassam o que é considerado normal e passam a exigir avaliação da especialista.
Nesse sentido, é fundamental buscar ajuda quando há dor intensa e persistente nas mamas, dificuldade para amamentar, febre alta, vermelhidão localizada acompanhada de calor, calafrios, ou ainda quando o leite não desce após cinco dias do parto.
Esses sintomas podem indicar quadros como ingurgitamento mamário severo, mastite ou problemas na pega do bebê, que precisam ser corrigidos o quanto antes para garantir o sucesso da amamentação.

Ressaltamos que contar com o acompanhamento da obstetra nesse período é essencial, não apenas para monitorar a saúde física da mãe, mas também para oferecer acolhimento, orientações personalizadas e encaminhamentos quando necessário.
A obstetra pode avaliar as mamas, identificar precocemente qualquer sinal de complicação e orientar para uma adaptação mais tranquila.
Em muitos casos, contar com o apoio de uma consultora de amamentação pode fazer toda a diferença para que esse período seja mais tranquilo e bem-sucedido.
Essa profissional é capacitada para orientar sobre a pega correta, posição do bebê, alívio de desconfortos, prevenção de lesões nos mamilos e até mesmo sobre a rotina de amamentação.
Além do suporte técnico, a consultora também oferece acolhimento emocional, ajudando a mãe a lidar com dúvidas, inseguranças e desafios comuns no início da jornada. Ter esse acompanhamento desde os primeiros dias pode aumentar as chances de uma amamentação prazerosa, segura e duradoura.
Como lidar com os desconfortos da descida do leite materno?
Para lidar com esses sintomas, algumas ações podem ajudar:
Faça ordenha manual ou com bomba quando necessário

Se o bebê não conseguir esvaziar as mamas, a ordenha pode aliviar o desconforto e prevenir inflamações.
Evite esvaziar completamente, para não estimular a produção excessiva.
Amamente com frequência, em livre demanda
A melhor forma de aliviar o acúmulo de leite nas mamas é permitir que o bebê mame sempre que quiser.
A sucção frequente ajuda a regular a produção e evita o ingurgitamento mamário.
Garanta a pega correta do bebê
Uma pega adequada facilita a saída do leite, reduz a dor nos mamilos e evita acúmulo.
Aplique compressas mornas antes e frias depois das mamadas
As compressas mornas antes de amamentar ajudam na saída do leite.
Já as compressas frias após as mamadas diminuem o inchaço e a dor.
Descanse e mantenha-se hidratada

Hidratação e repouso ajudam na produção e liberação do leite.
O estresse e o cansaço podem dificultar a ejeção do leite, já que afetam a liberação da ocitocina, hormônio essencial nesse processo.
É completamente natural que muitas dúvidas surjam durante a amamentação, afinal, esse é um momento novo, cheio de mudanças físicas e emocionais.
Mas existem estratégias e cuidados que podem tornar esse processo menos impactante e até prazeroso.
Ajustes na posição do bebê, na rotina de mamadas e nos cuidados com os seios já podem trazer muito alívio.
Buscar ajuda nesse momento, seja com sua obstetra ou consultoras de amamentação, é a melhor alternativa para esclarecer inseguranças, receber orientações adequadas e encontrar caminhos mais leves e eficientes para vivenciar esse vínculo tão especial com o bebê.
Então, se você está nesse momento e sente que precisa de apoio, agende uma consulta com a especialista e garanta o cuidado que você merece nesta fase.
Compartilhe este conteúdo