A queixa de redução de libido é mais comum do que se imagina e pode acontecer por diversos motivos, desde o cansaço do dia a dia até mudanças hormonais.
Mas será que isso significa que você precisa de remédios?
A resposta não é tão simples, pois cada mulher é única, e o que funciona para uma pode não funcionar para outra.
Neste artigo, vamos explorar quando a queda da libido pode ser apenas uma fase passageira e quando é hora de considerar ajuda especializada, seja com tratamentos hormonais, ajustes no estilo de vida ou outras estratégias.
Continue lendo para entender melhor esse assunto e descobrir o que realmente pode te ajudar!
É normal a mulher ter variações no desejo sexual ao longo da vida?
Sim, é completamente normal a mulher apresentar variações no desejo sexual ao longo da vida, sem que isso indique necessariamente um desequilíbrio hormonal.
Segundo a Sociedade Internacional para o Estudo da Saúde Sexual da Mulher (ISSWSH), cerca de 30% a 40% das mulheres experimentam flutuações na libido em diferentes fases da vida.
Na juventude, oscilações hormonais durante o ciclo menstrual podem afetar a libido, com algumas mulheres relatando maior desejo no período fértil devido ao aumento do estrogênio e da testosterona.
Já durante a gravidez, a libido pode aumentar no primeiro trimestre e diminuir nos últimos meses devido a alterações físicas e hormonais.
No pós-parto e na amamentação, a queda nos níveis de estrogênio e o aumento da prolactina podem reduzir temporariamente o interesse sexual.
Por fim, na perimenopausa e menopausa, a diminuição dos hormônios sexuais (especialmente estrogênio e testosterona) pode levar ao ressecamento vaginal e à redução do desejo, mas isso não é uma regra.
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A perda da libido na mulher é uma condição multifatorial, influenciada por uma combinação de fatores físicos, hormonais, emocionais e contextuais.
Aspectos do cotidiano, como cansaço, sobrecarga de responsabilidades, preocupações profissionais ou familiares, também podem impactar negativamente a libido.
A qualidade da relação com a parceria, a comunicação afetiva e possíveis conflitos emocionais são outros elementos que desempenham um papel importante nesse contexto, tornando fundamental uma abordagem ampla e acolhedora para compreender e tratar o problema.
Como funciona o ciclo da resposta sexual feminina?
O ciclo da resposta sexual feminina foi inicialmente descrito por Masters e Johnson na década de 1960, com um modelo linear de quatro fases: Desejo > Excitação > Orgasmo > Resolução.
Entretanto, pesquisas mais recentes, como as da psiquiatra Rosemary Basson, propuseram um modelo circular e mais flexível, reconhecendo que a experiência sexual feminina nem sempre segue uma sequência rígida e pode ser influenciada por fatores emocionais, relacionais e contextuais.
No modelo atual de compreensão da sexualidade feminina, reconhece-se que o início de uma relação sexual para a mulher nem sempre parte do desejo espontâneo.
Muitas vezes, a motivação pode estar ligada a outros fatores, como o desejo de aumentar a proximidade emocional com o parceiro, fortalecer o vínculo afetivo, sentir-se desejada ou buscar o compartilhamento de prazer.
Diferentemente dos homens, cuja resposta sexual costuma estar mais diretamente relacionada à ação da testosterona, o estímulo sexual na mulher é menos dependente de hormônios e mais influenciado por aspectos emocionais, psicológicos e contextuais.
A excitação feminina, por sua vez, é predominantemente mental e pode — ou não — se refletir em respostas físicas, como alterações na genitália.
O orgasmo feminino também é singular: ele pode ou não ocorrer durante a relação sexual, e sua experiência varia significativamente entre as mulheres.
Essas diferenças ajudam a entender por que fatores psicológicos, emocionais e relacionais têm um papel tão importante na libido feminina.
A sexualidade da mulher costuma ser uma extensão da intimidade emocional construída no dia a dia, tornando o contexto do relacionamento e da vida pessoal determinantes para a vivência do desejo e do prazer sexual.

O que pode causar a diminuição do desejo sexual em mulheres?
A diminuição do desejo sexual em mulheres é complexa e multifatorial.
Confira abaixo as principais razões:
Causas hormonais
As causas hormonais influenciam a libido feminina, especialmente em momentos de transição como a perimenopausa e menopausa, quando a queda nos níveis de estrogênio e testosterona pode levar não apenas à redução do desejo, mas também a sintomas como secura vaginal e desconforto durante as relações.
A amamentação também representa um período de alterações hormonais importantes, com o aumento da prolactina e a diminuição do estrogênio inibindo temporariamente a libido.
Além disso, distúrbios endócrinos como hipotireoidismo, diabetes e síndrome dos ovários policísticos (SOP) podem afetar o equilíbrio dos hormônios sexuais, enquanto o uso prolongado de anticoncepcionais hormonais pode reduzir os níveis de testosterona livre, impactando o desejo sexual.
Causas psicológicas e emocionais
O estresse crônico e a ansiedade são fatores relevantes neste contexto, uma vez que elevam os níveis de cortisol, hormônio que inibe a resposta sexual.
A depressão é outro fator, não apenas pela condição em si, mas também devido aos efeitos colaterais de muitos antidepressivos, que podem diminuir a libido e dificultar a excitação.
Causas relacionais e sociais
Conflitos não resolvidos no relacionamento, falta de comunicação ou intimidade emocional, e até mesmo a rotina desgastante do dia a dia podem esfriar o desejo.
A fadiga acumulada, especialmente em mulheres que equilibram múltiplas responsabilidades profissionais e familiares, é outro fator subestimado, mas que tem um impacto direto na energia disponível para a vida sexual.
Transtorno de Interesse e Excitação Sexual Feminina
Segundo os critérios do DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), esse transtorno é caracterizado clinicamente por uma ausência ou redução significativa e persistente do interesse e/ou da excitação sexual na mulher.
Para que o diagnóstico seja considerado, é necessário que estejam presentes, por pelo menos seis meses, três ou mais dos seguintes sinais:
- Diminuição ou ausência de interesse por atividade sexual;
- Redução ou ausência de pensamentos ou fantasias sexuais e eróticas;
- Pouca ou nenhuma iniciativa para o contato sexual, com frequência acompanhada de baixa receptividade às tentativas do parceiro;
- Baixo nível de excitação ou prazer sexual durante as relações sexuais, presente em aproximadamente 75% a 100% dos encontros, seja em contextos específicos ou de forma generalizada;
- Redução ou ausência de resposta a estímulos sexuais internos ou externos, como conteúdos escritos, visuais ou verbais;
- Redução ou ausência de sensações genitais ou não genitais durante o sexo, em pelo menos 75% dos encontros sexuais.
Para que o diagnóstico seja confirmado, os sintomas devem causar sofrimento clínico significativo à mulher e não podem ser explicados exclusivamente por outros fatores, como problemas de relacionamento, estresse, doenças clínicas, uso de medicamentos que interfiram na função sexual ou alterações do contexto de vida.
Estilo de vida
Há ainda outros elementos que contribuem para a diminuição da libido, como a privação de sono, que reduz os níveis de energia e a produção de hormônios essenciais para o desejo sexual.
O sedentarismo é também uma questão relevante, já que a prática regular de atividade física é fundamental para a manutenção da saúde geral e para o equilíbrio da produção hormonal.
A falta de exercícios físicos, por sua vez, pode impactar negativamente diversos aspectos do bem-estar, como a disposição, o controle do peso corporal e a autoestima. Esses fatores, isoladamente ou em conjunto, têm o potencial de interferir diretamente na libido, contribuindo para a redução do desejo sexual.
O consumo de cigarro, álcool e drogas ilícitas provoca alterações significativas no sistema nervoso central e no sistema cardiovascular, comprometendo o funcionamento saudável do organismo.
Além disso, essas substâncias interferem na liberação de neurotransmissores e podem desregular o sistema hormonal, afetando o equilíbrio necessário para o funcionamento adequado da resposta sexual.
Por esse motivo, mulheres que fazem uso regular dessas substâncias apresentam maior risco de desenvolver queda do desejo sexual.

Quais são as principais abordagens para lidar com a perda de libido feminina?
O primeiro passo para tratar a perda de libido é uma avaliação completa no consultório para identificar possíveis causas.
Isso inclui a solicitação de exames gerais que podem ou não incluir dosagens hormonais, avaliação de medicamentos em uso e investigação de condições como diabetes, hipotireoidismo ou doenças cardiovasculares.
Além disso, buscamos entender fatores como estilo de vida, qualidade das relações pessoais, rotina diária, carga de estresse, histórico emocional e saúde mental.
Além disso, questões psicológicas como ansiedade, depressão, baixa autoestima ou experiências negativas anteriores podem impactar significativamente o desejo sexual.
Por isso, uma avaliação cuidadosa e individualizada, que leve em conta todos esses elementos, é fundamental para compreender a causa da diminuição da libido e indicar o tratamento mais adequado.
Em seguida, podemos recorrer às seguintes abordagens:
Terapias hormonais
Para mulheres na perimenopausa ou menopausa, a terapia com estrogênio (via oral, transdérmica ou creme vaginal) pode aliviar sintomas como secura vaginal.
Também podemos indicar o uso da testosterona em baixas doses, já que ela é aprovada para tratamento do transtorno do desejo sexual hipoativo na menopausa, quando já há estrogenização e não houve melhora.
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A reposição hormonal na mulher exige acompanhamento médico rigoroso para garantir segurança, ajustar doses conforme necessário e monitorar possíveis efeitos colaterais ao longo do tratamento.

Troca do anticoncepcional por métodos alternativos
Se houver suspeita de que o anticoncepcional esteja contribuindo para a redução da libido, é possível considerar outras opções contraceptivas. Entre elas, destacam-se:
- Dispositivos intrauterinos (DIU) não hormonais, como o de cobre ou o de cobre com prata;
- DIUs hormonais, como o Mirena ou o Kyleena;
- Implantes subcutâneos de liberação hormonal;
- Métodos comportamentais, quando for a preferência da paciente.
A escolha do método mais adequado deve ser individualizada e feita com orientação médica.
Abordagens psicológicas
A psicoterapia pode colaborar no tratamento quando a perda de libido está relacionada a estresse, ansiedade ou imagem corporal negativa.
Além disso, recomendamos a terapia de casal quando há conflitos relacionais afetando a intimidade.
Mudanças no estilo de vida
Práticas como exercícios físicos regulares, técnicas de manejo do estresse (meditação, yoga), sono adequado e alimentação balanceada podem impactar positivamente a libido.
Educação sexual e comunicação
Muitos casos melhoram com orientação sobre a normalidade das variações do desejo e técnicas para melhorar a intimidade no relacionamento.
A compreensão do modelo de resposta sexual feminina atualizado (que difere do masculino) pode reduzir ansiedades e expectativas irreais.
Qual o momento de procurar a ginecologista?
As variações ocasionais no desejo sexual são normais e podem estar relacionadas a fatores temporários como estresse, cansaço ou mudanças na rotina.
Porém, quando a diminuição da libido se torna crônica (presente por mais de seis meses) e não melhora mesmo com mudanças no estilo de vida ou na dinâmica do relacionamento, é sinal de que uma avaliação médica especializada se faz necessária.
Também é importante procurar a ginecologista quando a falta de desejo sexual vem acompanhada de outros sintomas.
Isso pode incluir secura vaginal persistente, dor no sexo, alterações menstruais significativas, sintomas de depressão ou ansiedade, ou quando há suspeita de causas hormonais (como em casos de menopausa precoce ou distúrbios da tireoide).

Então, se você está enfrentando uma perda de libido persistente que tem gerado desconforto ou preocupação, não hesite em buscar ajuda.
Agende uma consulta com a especialista em saúde da mulher para uma avaliação personalizada e descubra as melhores estratégias para recuperar seu bem-estar e satisfação sexual.
Sua saúde íntima é importante e merece atenção!
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