Pressão alta na gravidez: entenda os riscos
A pressão alta na gravidez, também chamada de hipertensão gestacional, é uma condição que merece atenção especial durante o pré-natal.
Isso porque, mesmo sem causar sintomas aparentes na maioria dos casos, ela pode evoluir de forma silenciosa e representar riscos sérios tanto para a saúde da mãe quanto para o desenvolvimento do bebê.
Muitas mulheres descobrem a hipertensão apenas durante as consultas de pré natal, por isso, o acompanhamento com a obstetra é essencial para o diagnóstico precoce e a prevenção de complicações.
Neste artigo, vamos explorar quais são os tipos de hipertensão que podem surgir na gestação, os principais riscos envolvidos e a importância de um acompanhamento bem conduzido.
Continue a ler para entender melhor!
O que é considerado pressão alta durante a gestação?
Durante a gestação, considera-se que a pressão arterial está alta quando os valores estão iguais ou superiores a 140 e/ou 90 mmHg em duas medições com pelo menos quatro horas de intervalo entre elas, conforme orientações da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).
Essa elevação pode indicar hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia ou hipertensão crônica, dependendo do momento da gestação em que é detectada e da presença ou não de outros sinais clínicos.
É importante destacar que, mesmo que a mulher não apresente sintomas evidentes, a hipertensão pode evoluir de forma silenciosa e gerar complicações graves.
Como a hipertensão pode se manifestar na gravidez?
Os principais tipos de hipertensão que podem ocorrer durante a gravidez são:
Hipertensão gestacional
Ocorre após a 20ª semana de gestação em mulheres que tinham pressão normal antes da gravidez.
Não está associada à presença de proteína na urina (proteinúria) e, geralmente, desaparece até 12 semanas após o parto.
Contudo, requer acompanhamento, pois pode evoluir para pré-eclâmpsia.
Pré-eclâmpsia
Caracteriza-se pela elevação da pressão arterial após a 20ª semana de gestação associada à presença de proteína na urina ou sinais de disfunção de órgãos, como rins, fígado, sistema nervoso, placenta ou alterações hematológicas.
Pode ser sem ou com sinais de gravidade, com risco de eclâmpsia e outras complicações maternas e fetais.
Eclâmpsia
É a forma mais grave da pré-eclâmpsia, quando ocorrem convulsões generalizadas que não podem ser explicadas por outras causas neurológicas.
Essa é uma emergência obstétrica que exige atendimento imediato, pois coloca em risco a vida da mãe e do bebê.
Temos um artigo que fala mais sobre a pré-eclampsia, saiba mais!
Hipertensão crônica
Pressão alta que já existia antes da gravidez ou é diagnosticada antes da 20ª semana.
Mulheres com hipertensão crônica têm maior risco de desenvolver pré-eclâmpsia sobreposta.
Pré-eclâmpsia superposta à hipertensão crônica
Ocorre quando uma mulher com hipertensão crônica desenvolve sinais de pré-eclâmpsia durante a gestação, como piora da pressão, proteinúria ou alterações laboratoriais.
É uma condição de maior risco e exige monitoramento intensivo.
Quais os principais riscos da pressão alta na gravidez?
Entre os principais riscos da pressão alta na gravidez, destacamos:
Restrição de crescimento intrauterino
A hipertensão pode comprometer o fluxo sanguíneo para a placenta, dificultando a nutrição e oxigenação adequadas do bebê, o que leva ao crescimento abaixo do esperado para a idade gestacional.
Descolamento prematuro da placenta
A pressão elevada pode causar o descolamento da placenta antes do parto, uma condição grave que provoca dor abdominal intensa, sangramento, risco de sofrimento fetal e morte materna ou fetal.

Para proteger a saúde da mãe e do bebê, pode ser necessário antecipar o parto em casos de hipertensão grave ou pré-eclâmpsia, aumentando os riscos de complicações neonatais relacionadas à prematuridade.
Eclâmpsia (convulsões)
Quando a pré-eclâmpsia evolui sem controle adequado, pode ocorrer eclâmpsia, caracterizada por convulsões que colocam a vida da mãe e do bebê em risco imediato.
Síndrome HELLP
Trata-se de uma complicação grave da pré-eclâmpsia, marcada por hemólise (destruição das hemácias), elevação de enzimas hepáticas e plaquetopenia (queda das plaquetas).
Esse quadro pode evoluir rapidamente e exigir intervenção urgente.
Insuficiência placentária
A má circulação placentária reduz o aporte de oxigênio e nutrientes para o feto, podendo comprometer o desenvolvimento e causar sofrimento fetal.
Morte materna e fetal
Nos casos mais graves, quando não há diagnóstico ou tratamento adequados, a pressão alta na gravidez pode levar ao óbito da gestante e/ou do bebê.
Quais exames são essenciais para o acompanhamento da gestante com hipertensão?
Diagnosticamos a pressão alta na gravidez durante o pré-natal por meio da aferição regular da pressão arterial em todas as consultas.
Além da medição da pressão, o acompanhamento da gestante com suspeita ou diagnóstico de hipertensão inclui exames laboratoriais para avaliar possíveis complicações.
Isso inclui a proteinúria (presença de proteína na urina), que é investigada por meio de exame de urina tipo 1 ou pela relação proteína/creatinina urinária.
Também solicitamos exames de sangue, como hemograma, função renal, função hepática e avaliação de plaquetas, para investigar sinais de pré-eclâmpsia ou da síndrome HELLP.
Por fim, recorremos à ultrassonografia obstétrica para monitorar o crescimento fetal e o fluxo sanguíneo placentário.

Como realizamos o tratamento da pressão alta na gravidez?
O tratamento da pressão alta na gravidez depende do tipo e da gravidade da hipertensão, bem como da idade gestacional e das condições da mãe e do bebê.
O objetivo principal é manter a pressão arterial sob controle para evitar complicações.
Em casos leves, pode ser suficiente o acompanhamento rigoroso com mudanças no estilo de vida, como repouso relativo, redução do consumo de sal e alimentação equilibrada.
Já nos quadros moderados a graves, indicamos medicamentos anti-hipertensivos seguros para o uso na gestação.
No entanto, podemos ainda contar com outras abordagens, a depender de cada caso.
A detecção precoce das gestantes com maior risco, seja por meio da avaliação de fatores de risco ou de testes preditivos, é fundamental para implementar estratégias preventivas capazes de evitar, atrasar o início ou diminuir a gravidade da pré-eclâmpsia.
Porém, em situações em que há risco iminente para a mãe ou o feto, pode ser necessário anteciparmos o parto, mesmo que antes do tempo ideal.
É possível prevenir a pressão alta na gestação? Quais as principais medidas?
Sim, é possível adotar medidas para reduzir o risco de desenvolver pressão alta na gestação.
Confira abaixo as principais medidas preventivas:
Uso de AAS (ácido acetil salicílico)
O uso de ácido acetilsalicílico (AAS) em baixa dose deve ocorrer quando há o diagnóstico de alto risco para a gestante desenvolver pré-eclâmpsia, pois pode reduzir em cerca de 70% a ocorrência da doença em sua forma precoce e em 14% o risco de morte fetal ou neonatal.
Esse diagnóstico é feito com base em achados do ultrassom morfológico do primeiro trimestre em associação com dados clínicos e medidas laboratoriais.
Iniciar o pré-natal precocemente
Começar o acompanhamento médico no início da gestação permite identificar fatores de risco e monitorar a pressão arterial desde as primeiras semanas.
No nosso blog, temos um artigo completo sobre como funciona a consulta pré-natal, acesse para saber mais!
Manter uma alimentação saudável
Uma dieta equilibrada, com baixo teor de sal, rica em frutas, vegetais, grãos integrais e alimentos naturais, ajuda no controle da pressão e do ganho de peso.
A ingestão apropriada de cálcio também é um dos pilares da prevenção de pré eclâmpsia, e em mulheres que não conseguem atingir a recomendação diária desse mineral pela alimentação, deve-se recomendar a sua suplementação.
Controlar o ganho de peso
O excesso de peso na gravidez está associado ao aumento do risco de hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia, por isso, o ganho de peso deve ser monitorado de acordo com o IMC inicial da gestante.
Praticar atividade física leve a moderada
Com orientação médica, exercícios como caminhada, alongamentos ou hidroginástica podem melhorar a circulação, controlar o peso e reduzir o risco de hipertensão.

Temos um texto que explica mais sobre a prática de atividade física na gestação, confira!
Evitar o consumo de álcool e o tabagismo
Esses hábitos aumentam o risco de pressão alta e outras complicações gestacionais, além de prejudicar o desenvolvimento do bebê.
Monitorar doenças pré-existentes
Mulheres com hipertensão crônica, diabetes, doenças renais ou autoimunes devem receber atenção especial antes e durante a gestação, com acompanhamento conjunto entre a obstetra e especialistas.
Para saber mais sobre a diabetes gestacional, confira esse artigo em nosso blog!
Qual a importância de um pré-natal regular para detectar essa e outras condições precocemente?
O pré-natal regular é essencial para garantir uma gestação segura e saudável, tanto para a mãe quanto para o bebê.
É durante essas consultas que podemos identificar precocemente alterações na pressão arterial, sinais de pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, infecções e outras condições que podem comprometer o desenvolvimento do feto e a saúde da gestante.
Além disso, o acompanhamento médico permite orientar sobre hábitos de vida saudáveis, monitorar o crescimento fetal, realizar exames laboratoriais e de imagem no tempo certo e prevenir possíveis complicações.

Muitas doenças na gravidez, como a hipertensão, evoluem de forma silenciosa, por isso, é indispensável manter a rotina de consultas.
Assim sendo, se você está grávida ou planejando engravidar, agende uma consulta com a especialista agora mesmo e garanta um acompanhamento completo e seguro desde o início.
Seu bem-estar e o do seu bebê começam com informação e cuidado especializado!
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