Exame de microbioma vaginal: quando é necessário?

30 de setembro de 2025
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O exame de microbioma vaginal é um recurso moderno que possibilita a análise detalhada dos micro-organismos presentes na vagina. 

Essa comunidade microbiana desempenha um papel fundamental na proteção contra infecções, na manutenção do equilíbrio local e até mesmo na saúde reprodutiva. 


Quando ocorre um desequilíbrio dessa flora, podem surgir sintomas incômodos, como corrimento e irritação, além de possíveis dificuldades para engravidar. 


Diferente dos exames ginecológicos tradicionais, o estudo do microbioma vaginal permite identificar alterações sutis e oferecer um cuidado mais direcionado e individualizado. 


Neste artigo, você vai entender em quais situações o exame é indicado, quem pode se beneficiar dele e de que forma contribui para a saúde íntima feminina.


O que é o microbioma vaginal e qual a sua função no organismo feminino?


O microbioma vaginal é o conjunto de micro-organismos que vivem de forma natural na vagina, incluindo bactérias, fungos e vírus, formando um ecossistema equilibrado.


Entre esses micro-organismos, as bactérias do gênero Lactobacillus são predominantes e responsáveis por manter o ambiente vaginal ácido, o que ajuda a prevenir infecções causadas por patógenos, como bactérias e fungos nocivos.


Além disso, o microbioma vaginal influencia a resposta imunológica local, auxilia na cicatrização da mucosa e contribui para a saúde reprodutiva, interferindo na fertilidade e na prevenção de complicações durante a gestação.


Alterações nesse equilíbrio, conhecidas como disbiose vaginal, podem levar a infecções recorrentes, inflamações e desconfortos.


No nosso blog, temos um artigo sobre os cuidados necessários com a flora vaginal, acesse e saiba mais!


O que é o exame de microbioma vaginal e como realizamos?


O exame de microbioma vaginal é um teste laboratorial que avalia a composição dos micro-organismos presentes na vagina.


Ele permite identificar quais espécies estão em equilíbrio e quais estão em excesso ou deficiência.


Diferentemente dos exames ginecológicos tradicionais, que investigam apenas a presença de infecções específicas, esse exame fornece uma visão detalhada do ecossistema vaginal como um todo, incluindo bactérias, fungos e outros microrganismos.



O procedimento é realizado a partir da coleta de uma amostra da secreção vaginal, feita pela própria ginecologista, no consultório, durante o exame clínico ou, a depender do fornecedor do teste, em coleta laboratorial ou auto coleta pela própria paciente.


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Essa amostra é então analisada em laboratório utilizando técnicas modernas de sequenciamento genético ou cultura avançada, que identificam as espécies presentes e suas proporções.


Dessa forma, o exame é útil para diagnosticar desequilíbrios, orientar tratamentos personalizados e monitorar a saúde vaginal, contribuindo para a prevenção de infecções e complicações reprodutivas.


Quais são os principais microrganismos que avaliamos nesse exame?


Os principais microrganismos avaliados no exame de microbioma vaginal incluem:


  • Lactobacillus spp: são as bactérias predominantes em um microbioma saudável, responsáveis por manter o pH ácido da vagina e prevenir infecções - este gênero de bactérias é composto por várias espécies distintas, que podem favorecer ou não uma flora vaginal mais homogênea ou heterogênea;
  • Gardnerella vaginalis: associada à vaginose bacteriana quando em excesso, podendo desequilibrar o ambiente vaginal;
  • Atopobium vaginae: frequentemente encontrada em casos de disbiose e vaginose bacteriana;
  • Mobiluncus spp: bactérias relacionadas a infecções e alterações do microbioma vaginal;
  • Prevotella spp e Bacteroides spp: microrganismos anaeróbicos que, quando em excesso, podem causar inflamação e infecções recorrentes;
  • Candida spp: fungos que podem proliferar e causar candidíase quando há desequilíbrio do microbioma;
  • Streptococcus e Enterococcus: podem ser avaliados em casos de alteração do equilíbrio vaginal, especialmente quando há risco de infecção ou inflamação.


Em quais situações indicamos realizar o exame de microbioma vaginal?


É importante citar que este tipo de exame não é amplamente disponível e atualmente seu uso é mais comum em cenários de pesquisas clínicas envolvendo mulheres com sintomas de vulvovaginites recorrentes.


Seu uso em mulheres sem sintomas é limitado e ainda faltam evidências que corroboram seu uso como método de rastreio e monitoramento. 


Costumamos observar indicação deste exame nas seguintes situações:


Infecções vaginais recorrentes


Quando a paciente apresenta episódios frequentes de candidíase ou vaginose bacteriana, mesmo após tratamentos convencionais.


O exame ajuda a identificar desequilíbrios específicos da flora vaginal que podem estar contribuindo para a recorrência e permite a escolha de terapias mais direcionadas.


No nosso blog, temos um artigo completo sobre o tratamento da candidíase recorrente, acesse para conhecer!


Corrimento vaginal anormal


Se há secreção persistente, com odor forte, coloração alterada ou textura incomum, que não é totalmente explicada por exames tradicionais.


O teste fornece um mapeamento detalhado dos microrganismos presentes, ajudando a diagnosticar causas subjacentes que podem passar despercebidas em análises comuns.


Em busca de informações sobre corrimentos de repetição? Confira esse artigo em nosso blog!


Coceira ou irritação vaginal persistente


Sintomas contínuos de desconforto, como prurido ou sensação de queimação, podem indicar alterações no equilíbrio microbiano.



O exame identifica especificamente quais microrganismos estão em excesso ou déficit, permitindo um tratamento mais eficaz.


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Acompanhamento de tratamentos ginecológicos


Pacientes que fazem uso prolongado de antibióticos, terapias hormonais ou passaram por procedimentos cirúrgicos podem ter alterações na flora vaginal.


O exame permite monitorar essas mudanças e orientar intervenções que restabeleçam o equilíbrio microbiológico.


Monitoramento preventivo


Para mulheres com histórico de disbiose, infecções frequentes ou outros fatores de risco para alterações da microbiota vaginal, teoricamente o exame poderia ser uma ferramenta preventiva.


No entanto não temos estudos que confirmem a utilidade deste exame neste contexto.


Dificuldades para engravidar


Embora haja interesse científico crescente sobre o papel da microbiota vaginal na saúde reprodutiva, especialmente em relação à implantação embrionária e resultados de técnicas de reprodução assistida, os testes de microbioma vaginal ainda são considerados experimentais nesse contexto. 


Não existem dados suficientes para justificar sua incorporação à prática clínica, nem há consenso sobre quais alterações microbianas seriam relevantes para infertilidade ou como intervir terapeuticamente com base nesses resultados.


Nenhuma das principais revisões ou diretrizes sobre infertilidade aborda o exame de microbioma vaginal como ferramenta diagnóstica ou prognóstica.


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O resultado do exame pode orientar mudanças no meu estilo de vida ou na dieta?


Sim, o resultado do exame de microbioma vaginal pode fornecer informações que orientam mudanças no estilo de vida e na alimentação.


Lembramos que um microbioma desequilibrado pode ser influenciado por fatores como dieta inadequada, consumo excessivo de açúcares e alimentos ultraprocessados, uso prolongado de antibióticos, estresse e higiene íntima inadequada.



Portanto, com base nos resultados do exame, podemos recomendar ajustes na alimentação, como o aumento de alimentos ricos em fibras, probióticos naturais e redução de açúcares simples.


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Além disso, podemos orientar sobre hábitos de vida saudáveis, prática regular de atividade física e cuidados com a higiene íntima.


Essas mudanças, aliadas a possíveis intervenções médicas, ajudam a restaurar e manter o equilíbrio da microbiota vaginal.


Será que esse exame é indicado para o meu caso?


A indicação do exame de microbioma vaginal deve ser avaliada individualmente.


Mulheres que sofrem com infecções vaginais recorrentes, corrimentos persistentes, coceira ou irritação  sem causa definida podem se beneficiar da realização do exame.


Porém, é fundamental que a decisão seja orientada pela ginecologista.


Apenas uma profissional capacitada consegue interpretar corretamente os sinais, correlacionar os resultados com o contexto clínico da paciente e determinar se o exame trará informações relevantes para o tratamento ou prevenção de complicações.


Além disso, a avaliação médica permite definir a conduta mais adequada, seja o uso de terapias direcionadas, ajustes hormonais, probióticos ou mudanças no estilo de vida.


Por isso, se você apresenta algum desses sintomas ou tem dúvidas sobre a saúde vaginal, procure acompanhamento especializado.



Em caso de dúvida, agende sua consulta com a ginecologista e receba orientação personalizada sobre a necessidade do exame de microbioma vaginal e as melhores estratégias para cuidar da sua saúde íntima!


Dra Juliana Ribeiro - Ginecologista em São Paulo

Dra. Juliana Ribeiro

Ginecologia, Obstetrícia e Saúde Feminina


Ginecologista e Obstetra de formação, eu acredito que informação é a maior forma de poder que podemos ter. Como médica, tenho a missão de trazer a vocês o maior número de informações possíveis, a fim de poder ajudá-las a participar ativamente do cuidado da sua saúde.


Acredito que a prevenção é a melhor escolha sempre e que o engajamento da paciente no tratamento é a melhor forma de ele dar certo.

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